José Luiz
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)
E' com grande satisfacao que apresentamos o primeiro numero da "RNP News Generation". Esta publicacao eletronica e' parte de um conjunto de acoes que comecamos a desenvolver na RNP cujo principal objetivo e' valorizar nosso maior "asset", nosso pessoal. Pretendemos que a RNP News Generation torne-se um dos meios de integracao do pessoal da RNP, bem como dos POPs, complementando outras iniciativas como seminarios internos de capacitacao e participacao em cursos e treinamentos externos.
Embora com conteudo principalmente tecnico, a RNP News Generation devera' atrair tambem a atencao de gerentes e administradores de redes que poderao encontrar aqui artigos introdutorios e informacoes sobre tendencias tecnologicas. Com um olho no grande desafio que temos pela frente com a implantacao da RNP Fase 3, a RNP News Generation sera' um valioso meio para atualizacao do pessoal tecnico da RNP e dos POPs.
Para melhor compreender a dimensao do que representa para a RNP o projeto e a implantacao do novo backbone, apresentamos, a seguir, uma breve retrospectiva das duas fases por que a RNP ja' passou. No primeiro momento, o maior desafio foi a compreensao da tecnologia de rede escolhida para o backbone. Naquela epoca, mal comecavamos a introduzir as tecnologias de redes locais nas universidades. Recordo-me da dificuldade em convencer varios gerentes de projetos na UFRJ que, ao especificar os PCs a serem adquiridos, deveriam ser incluidas interfaces de rede. Era tambem o tempo das lutas religiosas entre os seguidores do modelo OSI/ISO e aqueles que defendiam (e implantavam) o TCP/IP. Nessa era jurassica da historia de redes no Brasil, surge um japones com a ideia de fazer uma conexao entre Rio e Sao Paulo (na epoca LNCC e FAPESP ja' tinham alguma experiencia com links de longa distancia), e o pior era que o tal Tadao Takahashi queria TCP/IP. Ora, se nao sabiamos fazer funcionar direito nem uma rede local, como poderiamos operar enlaces de longa distancia, ainda mais com complicadores como servidores de nomes de dominio, gateways e roteadores? Mas isso ainda nao era o pior. Duro mesmo era preencher os tais formularios de solicitacao de IPs e nomes de dominio. Aquilo parecia grego! E acho que, justamente por isso, a FAPESP acabou saindo na frente. Eles tinham o Demi Getschko em seu time; alguem que literalmente entendia grego. Resumindo uma historia de aventuras, o maior desafio que tinhamos entao era adquirir a cultura de redes, principalmente no que se referia `a sua implantacao, manutencao e administracao.
Na fase seguinte, deparamo-nos com um problema interessante. Depois que aprendemos a montar o brinquedo, o que fazer com ele? Tinhamos certeza que deveria servir para alguma coisa importante pois nao era por acaso que a Internet havia sido financiada pelo departamento de defesa americano, e vinha se tornando cada vez mais popular nos meios academicos no exterior. Na verdade, faltava-nos conteudo! A Internet nao tinha muita utilidade para nos pois ainda nao tinha uma minima fracao do volume de informacoes que possui hoje. O melhor que podiamos encontrar eram programas de dominio publico que, diga-se de passagem, levavam horas (para nao dizer dias quando a rede saia do ar) para "baixar" via FTP, e so' serviam mesmo para a comunidade academica de computacao. Criar a cultura de uso da rede, populariza-la e alimenta-la com informacoes foi o grande desafio da epoca. Felizmente, em 1993, algue'm percebeu que somente com FTP a Internet nao iria muito alem do estagio em que estava, e tratou de inventar o HTTP e a HTML. Junto com este novo protocolo e linguagem veio o conceito da Web e a grande aplicacao que consagraria de vez a Internet, o Web browser! Com essas ferramentas e um bando de gente de varias areas que o tal japones conseguiu convencer sobre a importancia de introduzir conteudo na nossa rede, concluiu-se com sucesso mais esta etapa.
Quando, entao, achavamos que todos os problemas estavam resolvidos, apos a implantacao de infra-estrutura, servicos, aplicacoes e finalmente informacoes, descobrimos que este estagio era apenas a "ponta do iceberg". Agora temos uma enxurrada de informacao, e com ela aplicacoes que utilizam desde textos puramente representados em ASCII ate' complexas aplicacoes utilizando todo tipo de recursos multimidia, para nao falar em realidade virtual. Temos neste momento, diante de nos, um duplo desafio: compreender e implantar as novas tecnologias que estao sendo criadas (ATM, IPv6, etc.) para atender a crescente demanda ocasionada pelo uso de tais aplicacoes, e promover seu uso para aumentar ainda mais o volume de informacoes ja disponivel, porem com maior qualidade.
Este veiculo e' assim, uma das formas que encontramos para ajudarnos a obter a capacitacao necessaria para atacarmos com sucesso mais este desafio. Pretendemos que a RNP News Generation contenha um conjunto de colunas fixas tratando de temas como problemas rotineiros de operacao e administracao de sistemas e redes, seguranca, sistemas de informacoes e topicos avancados em tecnologias de redes, incluindo desde alternativas para o problema da "ultima milha", ate' o estado-da-arte em sistemas de roteamento/comutacao, satelites e sistemas opticos, invadindo inclusive o dominio das telecomunicacoes.
Alem das colunas fixas, esperamos contar com contribuicoes de nossos te'cnicos, incluindo o pessoal dos POPs que, certamente, tem vasta experiencia nos mais variados aspectos da operacao e administracao de redes, bem como da solucao daqueles problemas que nao estao descritas em nenhum livro.
Decidimos comecar a RNP News Generation de forma modesta, utilizando apenas texto corrido e distribuicao via correio eletronico, restrita `a RNP e POPs. Entretanto, nossos planos incluem a evolucao gradual ate' chegarmos a uma versao em Web com recursos mais sofisticados e acesso irrestrito. Nao descartamos tambem uma versao em papel.
Finalmente, gostariamos de expressar aqui os nossos agradecimento ao colega Ari por ter aceito esta empreitada, bem como aos colaboradores desta edicao. E' nossa intencao contribuir periodicamente, trazendo informacoes sobre acoes da coordenacao, planos futuros, parcerias da RNP, tendencias e noticias sobre redes academicas em outras partes do mundo.
Esperamos que todos apreciem esta iniciativa e enviem criticas, sugestoes e principalmente artigos para que possamos transformar nossa RNP News Generation em mais um instrumento de apoio ao nosso trabalho.
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