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ISSN 1518-5974
Boletim bimestral sobre tecnologia de redes
produzido e publicado pela  RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
04 de setembro de 1998 | volume 2, número 7

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Nesta edição:

NewsGeneration:



Sistemas de Cabeação Estruturada EIA/TIA 568 e ISOC/IEC 11801 - Parte II

Messias B. Figueiredo <>
André Oliveira Silveira <>

Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)

Introdução
Código de cores para sistemas de cabeação UTP
Gerenciamento de sistemas de cabeação estruturada
Conclusão
Referências bibliográficas

Dando continuidade à discussão iniciada na edição anterior deste boletim, o presente artigo apresenta as normas do sistema de cabeação estruturada, enfatizando temas como o tratamento do código de cores para sistema de cabeação UTP, os padrões de cabeação para redes locais de alta velocidade, além do gerenciamento de sistemas de cabeação estruturada.

Ao, final, é apresentado uma conclusão que engloba todos os aspectos tratados nos dois artigos.

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Introdução

Conforme já foi dito no artigo anterior, o crescimento do uso das redes locais de computadores e a agregação de novos serviços ditos multimídia acabaram ditando a necessidade de se estabelecer critérios para ordenar e estruturar a cabeação dentro das empresas. Assim, normas e procedimentos forma propostos por comitês como os da EIA/TIA e da ISO/IEC.

Na primeira parte deste artigo , discutiram-se os aspectos introdutórios do sistema de cabeação estruturada e foi feita uma análise do desempenho do hardware e dos meios de transmissão. Serão vistos, nesta segunda parte, outros aspectos que dizem respeito ao assunto, tais como: o tratamento do código de cores para sistema de cabeação UTP, os padrões de cabeação para redes locais de alta velocidade e o gerenciamento destes sistemas.

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Código de cores para sistemas de cabeação UTP

A EIA/TIA 568A define um sistema de codificação com quatro cores básicas, em combinação com o branco, para os condutores UTP de 100 Ohms, assim como a ordem dos pares no conector RJ-45, conforme ilustrado na figura 12.

a) Código de cores da cabeação UTP 100 Ohms segundo o padrão EIA/TIA 568A

PINO

CORES

1

BRANCO-VERDE

2

VERDE

3

BRANCO-LARANJA

4

AZUL

5

BRANCO-AZUL

6

LARANJA

7

BRANCO-MARROM

8

MARROM

 

b) Ordem dos pares no conector RJ-45 fêmea

 

Um outro padrão de cores da cabeação UTP, derivado da EIA/TIA 568A, o padrão EIA/TIA 568B, não muito utilizado nos dias atuais, define a seqüência de cores da Figura 13:

a) Código de cores da cabeação UTP 100 Ohms segundo o padrão EIA/TIA 568B

PINO

CORES

1

BRANCO-LARANJA

2

LARANJA

3

BRANCO-VERDE

4

AZUL

5

BRANCO-AZUL

6

VERDE

7

BRANCO-MARROM

8

MARROM

b) Ordem dos pares no conector RJ-45 fêmea



PADRÕES DE CABEAÇÃO PARA REDES LOCAIS DE ALTA VELOCIDADE

O IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineering) estabeleceu, recentemente, novos padrões para redes locais de alta velocidade a 100 Mbps : IEEE 802.3 100Base-T / Fast Ethernet e 802.12/ 100VGAnyLAN.

O Padrão IEEE 802.3 100Base-T é uma tecnologia de rede local de alta velocidade a 100 Mbps baseado no método de acesso CSMA/CD que inclui:

a) 100Base-TX: 2 pares de fios UTP Categoria 5 ou 2 pares tipo STP;
b) 100Base-FX: 2 fibras ópticas de 62,5/125 mm multimodo;
c) 100Base-T4: 4 pares de fios UTP categoria 3 ou 5.

O IEEE 802.12 100VGAnyLAN pode suportar, tecnicamente, distâncias maiores para os cabos UTP e STP, numa solução proprietária. Entretanto, o uso desta tecnologia para distâncias maiores que 90m, especificada pelo padrão, conduz a uma violação da norma EIA/TIA 568A.

Os padrões 100Base-TX, IEEE 802.12 100VG e EIA/TIA 568A, incluem suporte para cabos STP tipo 1A ou B de 150 Ohms, mas ninguém parece estar mais instalando-os.

O Fórum ATM publicou a especificação para suportar 155 Mbps ATM em cima do padrão EIA/TIA 568A, categoria 5-UTP. Originalmente especificado para suportar somente fibra, a interface ATM a 155 Mbps com o suporte adicional para cobre tende a reduzir significativamente os preços para o hardware ATM.

A migração de tecnologias dentro de uma corporação não é uma tarefa simples, necessitando de investimentos e, muitas vezes, de mudança na infra-estrutura básica de cabeação. Muitas empresas, hoje, ainda convivem com tecnologia de cabeação baseada em cabo coaxial. Apesar de ser uma tecnologia simples, barata e relativamente fácil de instalação e manutenção, ela torna-se um estrangulamento nas mudanças tecnológicas. Por exemplo; o velho e ultrapassado cabo coaxial 10Base2 de 10 Mbps não suporta mais tecnologias a 100 Mbps tipo Fast Ethernet. A utilização de cabeação UTP e fibra óptica, normatizada pela EIA/TIA 568A é quase que um selo de garantia para o funcionamento adequado deste novo tipo de tecnologia de redes locais a 100 Mbps.

Apesar de sua grande importância na estruturação de sistemas de cabeação prediais para redes de 10 ou 100 Mbps, a norma EIA/TIA 568A ainda é pouco utilizada, provavelmente por falta de informações de vendedores e técnicos da área. Por exemplo, dobrar cabos e fios, apertar em demasia as cintas que agrupam um conjunto de cabos, exceder as limitações de distância, utilizar categoria de cabos inadequada para determinadas aplicações, decapar o revestimento do cabo UTP Categoria 5 mais que ½ polegada, são erros grosseiros cometidos numa instalação de cabeação, afetando variáveis de atenuação e ruído.


Figura 13: Padrão de Cores da Cabeação UTP 100W e Pinagem EIA/TIA 568B




Figura 12: Padrão de Cores da Cabeação UTP 100W e Pinagem EIA/TIA 568A

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Gerenciamento de sistemas de cabeação estruturada

Historicamente, o gerenciamento de sistemas de Cabeação Estruturada tem sempre ficado em segundo plano. Recentemente, as empresas têm reconhecido a importância da instalação de uma infra-estrutura de cabeação padronizada, além da, como consequência inevitável disso, necessidade de se estabelecer estratégias de controle eficientes para gerenciar esta mesma infra-estrutura.

Quando se parte para a escolha de uma estratégia de gerenciamento que melhor se adeque à realidade da empresa, duas questões devem ser levadas em consideração independentemente da opção escolhida: padronização e documentação.

A padronização de um sistema de cabeação, no que diz respeito aos componentes e equipamentos utilizados em toda a organização, pode prover uma economia significativa em tempo de resposta e treinamento de equipes de suporte. Em adição a um sistema de cabeação com componentes padronizados, deve existir também um sistema de numeração consistente e que seja conciso e fácil de entender.

Uma documentação precisa e compreensiva é fundamental para o sucesso de qualquer política de controle de um sistema de cabeação. Questões como planejamento de mudanças de instalações e mudanças de lay-out, aumento do número de pontos da rede, análise de falhas e uma rápida recuperação de informações devem ser consideradas como funções de uma documentação confiável. Por esses motivos, a documentação deve ser simples e confortável no uso, pois se não for dessa forma, os usuários a evitarão e o seu conteúdo se deteriorará rapidamente até o ponto em que cairá no desuso.

Existem três tipos de sistemas de gerenciamento de Cabeação Estruturada: sistemas em papel, sistemas computadorizados usando softwares de mercado e sistemas computadorizados usando softwares sob encomenda.

Sistemas em Papel

São sistemas que encontram-se em plena substituição pelos sistemas computadorizados e que propiciam a falha humana por não terem nenhum recurso que assegure que a informação é confiável e consistente. Além disso, o meio em que está armazenado é frágil e se deteriora rapidamente com o uso freqüente, podendo ocasionar a perda de informações relevantes.

Sistemas Computadorizados com Softwares de Mercado

Sistemas prontos já têm sido usados há um bom tempo para documentação de sistemas de cabeação como uma opção de substituição imediata daqueles em papel. No entanto, esta estratégia apenas resolve uma parte dos problemas provenientes dos sistemas em papel, pois continua sem nenhum tipo de validação de entrada de informação o que continua facilitando o erro humano. Esses sistemas pré-concebidos não são capazes também de simplificar e reconsiderar o esquema de numeração das organizações.

Uma evolução dos sistemas prontos são os do tipo CAD e os ditos orientados a banco de dados.

As aplicações CAD usam um desenho da estrutura do prédio como base para a documentação. Os itens no desenho têm registros em banco de dados associado a eles e um banco de dados paralelo é usado para armazenar os circuitos que resultam das conexões estabelecidas.

Já as aplicações orientadas a banco de dados têm todas as informações armazenadas de tal forma que maiores recursos de manipulação de dados e referências cruzadas possam ser utilizados. Alguns têm a capacidade de exibir a localização de uma informação a partir de uma planta baixa importada de uma aplicação CAD.

Sistemas Sob Encomenda

Nesses sistemas "customizados", é importante avaliar cuidadosamente as características de escalabilidade do software para futuras ampliações ou alterações, a estabilidade e o suporte da software house, bem como o tempo de retorno do custo do software.

Adotando-se uma estratégia de gerenciamento adequada obtém-se os seguintes benefícios:

a) Redução do tempo necessário para realizar mudanças físicas e de lay-out e ampliações na rede
b) Redução do tempo perdido na recuperação de falhas
c) Aumento do tempo de vida da infra-estrutura de cabeação.

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Conclusão

A norma EIA/TIA 568A estabelece um mínimo de um cabo UTP Categoria 3 ou 5 para cada área de trabalho. Hoje em dia, levando-se em conta as tecnologias de redes locais disponíveis recomenda-se a Categoria 5.

Para o sub-sistema de Cabeação Horizontal existem duas recomendações básicas:

a) Instalar dois cabos UTP Categoria 5 de 4 pares, separados, para cada Área de Trabalho. Caso o orçamento permita, é aconselhável a instalação de dois pontos de fibra multimodo e dois ou três UTP Categoria 5.

b) Recomenda-se optar por instalar diretamente a fibra óptica, eliminando a transitoriedade da instalação da cabeação UTP Categoria 5. Esta solução traz como vantagem um tempo de vida útil maior que a com UTP Categoria 5. A cabeação com fibra óptica, entre o painel de telecomunicações e as estações de trabalho, não apresenta um custo muito significativo em relação a ao cabo UTP Categoria 5. O problema da solução com fibra óptica reside na aquisição de equipamentos com conectividade óptica: hubs, adaptadores, transceivers, etc., que atualmente são caros.

Como conclusão, para uma instalação robusta e confiável de um sistema estruturado de cabeação, recomenda-se seguir três passos básicos:

a) Instalação de fibra óptica no backbone e UTP Categoria 5, como Cabeação Horizontal, dos Armários de Telecomunicações até as Áreas de Trabalho;

b) Treinamento de funcionários ou contratação de empresas especializadas, e de boa referência, para a instalação do seu sistema;

c) Seguir a norma de instalação EIA/TIA 568A.

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Referências bibliográficas

[1] BUSINESS, Communications Review, Apr, 1996.
[2] SOARES, Luiz Fernando G. (Luiz Fernando Gomes), Redes de Computadores: Lans, Mans e Wans, às redes ATM - Rio de Janeiro : Campus, 1995.
[3] BLACK BOX, Catálogo. The source for connectivity. No 4, Novembro 1996.
[4] ANIXTER, Systimax Latin America Sales Resource Guide.
[5] DEFLER, Frank. J. Tudo Sobre Cabeamento de Redes. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
[6] ANIXTER, Structured Cabling. http://www.anixter.com/fttdwp8.html
[7] DIGITAL, Idéia. Sistema de Cabeação Estruturada.

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