Michele Mara de A. Espíndula Lima <michele@nc-rj.rnp.br>
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)
Introdução
Gerenciamento de redes
Sistemas de métricas
Obejetivos para a definição de métricas para a Internet
Conceitos fundamentais
Conclusão
Referências bibliográficas
O rápido crescimento, o aumento da competição econômica e a proliferação de novas aplicações têm mudado a característica da Internet nos últimos anos, fazendo de tarefas como monitoração e análise verdadeiros desafios.
Este artigo apresenta a crescente necessidade de definição de métricas para a Internet e os esforços que já estão sendo feitos para suprir esta necessidade.
Introdução
A combinação dos dois fatores acima, aliado à proliferação de novas aplicações, tem mudado a característica da Internet nos últimos anos, fazendo com que tarefas como monitoração e análise tornem-se verdadeiros desafios (ver [TMW 97]).
Este crescimento pode ser considerado um triunfo do processo de padronização dos protocolos Internet, que permitem a interconexão de diferentes tipos de redes para troca de dados. Apesar disto, a padronização de medições adequadas para a Internet, bem como as suas respectivas metodologias, não têm acompanhado o crescimento espantoso desta rede mundial [Pax 96, PAMM 98].
A demanda por este tipo de padronização vem crescendo cada vez mais. Para que decisões a nível gerencial (planejamento de capacidade, planejamento de topologia e a avaliação de investimentos em equipamentos, aplicações e em pessoal) não sejam tomadas sem ter o embasamento necessário, é preciso que métricas sejam definidas e padronizadas.
Sem dados exatos sobre as métricas definidas e sem as ferramentas adequadas para coletar e analisar estes dados fica cada vez mais difícil tomar decisões inteligentes.
Gerenciamento de redes
Com o aumento da complexidade destas redes, que envolve a utilização de vários meios de comunicação, diferentes tipos de equipamentos e sistemas operacionais distintos, o custo de gerenciamento também cresce. Este custo muitas vezes chega a ser igual a 15% do custo total de uma organização com sistemas de informação [Sta 93].
Com esta crescente necessidade de gerenciamento, fez-se necessário que padrões para ferramentas fossem estabelecidos. Em resposta a esta necessidade surgiram dois padrões:
- SNMP: o protocolo SNMP (Simple Network Management Protocol) refere-se a um conjunto de padrões para gerenciamento que inclui um protocolo [CFSD 90], uma especificação de estrutura de dados [RM 90] e um conjunto de objetos de dados [MR 91]. Este é o protocolo de gerência adotado como padrão para redes TCP/IP e o que será tratado neste trabalho.
- Sistemas de gerenciamento OSI: este termo refere-se a um extenso conjunto de padrões de grande complexidade que definem aplicações de propósito geral para gerência de redes, um serviço de gerenciamento e protocolo, uma especificação de estrutura de dados e um conjunto de objetos de dados. Este conjunto de protocolos é conhecido como CMIP [ISO 91, Sta 93].
Sistemas de métricas
Alguns dos mais interessantes trabalhos que estão surgindo para suprir esta necessidade estão sendo desenvolvidos pela comunidade acadêmica da Internet. Dentre eles pode-se destacar: Internet Measurement and Analysis Project (IPMA) da Universidade de Merit; Cooperative Association for Internet Data Analysis (CAIDA); e, IP Performance Metrics (IPPM) do grupo de trabalho BMWG (Benchmarking Methodology Working Group) do IEEE.
Igualmente importantes, estes projetos estão dedicados a aumentar os mecanismos de medidas da Internet através do desenvolvimento de novas ferramentas e com a criação de novos padrões.
Além dos projetos de organizações não-comerciais, já existe um número razoável de empresas que já vêem a necessidade de informações de desempenho da Internet como uma oportunidade de mercado. Dentre elas podemos citar: Keynote Systems, que avalia o desempenho de backbones Internet e dos mais populares sites Web; Network Wizards Domain Survey, que apresenta o crescimento da Internet mundial em termos de número de máquinas e domínios através de consultas DNS; VitalSigns, que oferecem produtos de software, entre eles o Net.Medic, um browser que identifica problemas ao visitar diferentes sites Web.
Também existem serviços gratuitos oferecidos por algumas organizações que permitem visualizar o que está acontecendo em partes da Internet. Dentre estes, o mais interessante é oferecido pelo Weather Report. Este site apresenta o retardo de pacotes entre diferentes localidades no mundo.
No Brasil, o GT-ER do Comitê Gestor da Internet Brasil, já faz o acompanhamento do crescimento do número de máquinas ligadas a Internet brasileira, como também do número de domínios abaixo dos subdomínios principais do domínio .br.
Obejetivos para a definição de métricas para a Internet
O objetivo principal para a definição de métricas para a Internet é prover uma base para a avaliação do desempenho de diferentes componentes desta rede.
Estas avaliações padrões são importantes já que permitem suprir as seguintes necessidades:
- Auxiliar na detecção e resolução de problemas;
- Permitir o planejamento e previsões de crescimento das redes;
- Prover incentivos para que os provedores de serviços Internet possam otimizar suas redes, possibilitando que os usuários avaliem os serviços que estão recebendo e possam assim fazer comparações entre diferentes provedores;
- Possibilitar que os pesquisadores tenham um melhor entendimento do comportamento da Internet e acompanhar a sua evolução.
Conceitos fundamentais
Primeiramente, define-se um componente Internet como qualquer elemento de uma rede Internet cujas propriedades desejamos quantificar.
Na Internet operacional, existem várias quantidades relacionadas com o desempenho e com a confiabilidade de componentes Internet que se gostaria de se saber qual o seu valor. Quando uma destas quantidades é especificada, ou seja, quando refere-se a uma propriedade de um componente Internet, esta quantidade ou propriedade é denominada métrica. Valores quantificados de uma métrica são denominados medidas. Quando uma métrica é quantificada, sua medida deve ser apresentada em termos de unidades padronizadas.
Quando uma métrica é definida puramente em termos de outras métricas, esta métrica é dita métrica derivada.
Em alguns casos, não existe forma óbvia de se efetivamente medir uma métrica; isto é permitido e até compreensível em alguns casos. Entretanto, a especificação da métrica deve ser o mais clara possível sobre qual quantidade está sendo especificada, ou seja, a métrica pode ser difícil de ser quantificada, mas não pode ser ambígua.
Uma métrica é dita métrica bem-definida quando são incluídos na sua definição todos os fatores pertinentes, caso contrário ela é dita métrica mal-definida.
Tão importante quanto apresentar as medidas obtidas nas medições de uma métrica, é apresentar também o contexto da medição. Podemos definir um contexto de medição como aqueles elementos do sistema utilizados para fazer as medições que estão relacionados com o componente que está sendo medido.
Em geral, o perfeito entendimento dos efeitos do contexto é crucial para que se possa fazer medições coerentes.
O processo de quantificar uma medição de uma métrica é definido como uma metodologia de medição de uma métrica. Uma metodologia que leva em consideração todos os efeitos relevantes de um contexto de medição é dita uma metodologia correta. Quando uma metodologia produz resultados errados ela é dita metodologia incorreta.
Assim, quando uma métrica é especificada, uma metodologia de medição deve ser apresentada e discutida. Para um conjunto de métricas bem-definidas, um número distinto de metodologias de medição podem existir.
É importante salientar que existem dois tipos básicos de métricas, métricas analíticas e métricas empíricas. As primeiras referem-se as métricas definidas em termos das propriedades teóricas e abstratas dos componentes. Estas são as propriedades utilizadas para analisar os componentes matematicamente.
Métricas empíricas referenciam as propriedades definidas diretamente a partir das medições.
Conclusão
Apresentamos, neste artigo, a crescente necessidade de definição de métricas para a Internet e os esforços que já estão sendo feitos para suprir esta necessidade.
Também foram apresentados os objetivos para que as métricas, e as suas correspondentes metodologias sejam definidas e padronizadas.
Procuramos apresentar também os conceitos fundamentais para que o leitor possa se familiarizar com os termos empregados.
Referências bibliográficas
[CFSD 90] Case, J. D., Fedor, M. S., Schoffstall, M. L., and Davin, C. Simple Network Management (SNMP), RFC 1157, 36 páginas, Maio de 1990.
[ISO 91] Information Technology Open Systems Interconection. Common Management Information Protocol Specification. Technical Report IS 9596, International Organization for Standardization, Maio de 1991.
[MR 91] McCloghrie, K., Rose, M. T. Management Information Base for Network Management of TCP/IP-based Internets: MIB-II, RFC 1213, Março de 1991.
[PAMM 98] Paxson V., Almes. G., Mahdavi J. Mathis M. Framework for IP Performance Metrics . Draft-ietf-ippm-framework-03.txt. Fevereiro de 1998. Expiração em Julho de 1998.
[Pax 96] Paxson V. Towards a Framework for Defining Internet Performance Metrics. Proceedings of INET'96.
[RM 90] Rose, M. T., McCloghrie, K. Structure and Identification of Management Information for TCP/IP-based Internets, RFC 1155, 22 páginas, Maio de 1990.
[Sta 93] Stallings, William. SNMP, SNMPv2, and CMIP - The Practical Guide to Network-Management Standards. Addison Wesley, 1993.
[TMW] Thompson, K., Miller, G. J. , Wilder, R. Wide-Area Internet Patterns and Characteristics. IEEE Network, nov/dec 1997.
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