Alex Soares de Moura <alex@nc-rj.rnp.br>
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)
Introdução
O Gigabit Ethernet
Os Padrões
Além de 1GBPS...
Gigabit Ethernet: vantagens
Gigabit Ethernet: desvantagens
Aplicações
Conclusão
Referências bibliográficas
Sites relacionados
A tecnologia Ethernet foi desenvolvida há mais de 20 anos e, hoje em dia, conta com mais de 100 milhões de nós no mundo inteiro, sendo a mais utilizada das tecnologias de redes locais.
A crescente demanda por mais velocidade para uso das diversas aplicações nas redes locais ocasionou a evolução desta tecnologia de forma gradativa, partindo da velocidade de 10Mbps para 100Mbps. A evolução do Ethernet passou do 10Base-T compartilhado para o 10Base-T comutado, depois para o 100Base-T (compartilhado e comutado) e agora para o 1.000Base-X (compartilhado e comutado), que vem a ser a "terceira onda" do Ethernet.
Este artigo traz uma introdução a esta nova tecnologia que está prestes a ter seu padrão oficializado. A previsão é para março de 1998.
Introdução
A crescente importância das redes locais e o aumento da complexidade das aplicações em estações de trabalho têm aumentado a necessidade por redes de alta-velocidade. A largura de banda de 10 Mpbs hoje já pode não ser adequada para atender às aplicações típicas e certamente é insuficiente para permitir a ampla utilização de aplicações mais sofisticadas, como a videoconferência.
Diversas tecnologias de rede de alta-velocidade foram propostas, entre elas a Fast Ethernet, ou 100Base-T, projetada para oferecer uma evolução tranqüila à já saturada Ethernet, ou 10Base-T. Com a tendência de conexões 100Base-T às estações de trabalho, a necessidade de conexões ainda mais velozes com os servidores e mesmo com o backbone torna-se obrigatória. Entra em cena o Gigabit Ethernet, que será ideal para interconectar switches 10/100Base-T e servidores de alto desempenho e será o caminho natural para, futuramente, conectar estações de trabalho que necessitem de uma maior largura de banda do que o 100Base-T pode oferecer.
Este artigo não pretende comparar a tecnologia Gigabit Ethernet com a ATM (Asynchronous Transfer Mode), mas, expor esta primeira, mostrando suas qualidades e aplicações, como mais uma opção de evolução para redes, cuja proposta é descongestioná-las através da disponibilização de uma maior lagura de banda para atender à crescente demanda das aplicações, havendo ainda a possibilidade de integrar-se aos backbones ATM. Em um futuro artigo, questões comparativas mais profundas e também de interoperabilidade entre o ATM e o Gigabit Ethernet poderão ser abordadas.
Fica também para um futuro artigo, maiores informações acerca do Gigabit Ethernet sobre o cabeamento UTP Categoria 5.
O Gigabit Ethernet
O padrão Gigabit Ethernet é primariamente um padrão de camada física (PHY - Physical Layer) e de controle de acesso à mídia (MAC – Media Access Control), especificando a camada de Enlace (Layer 2) do modelo OSI, enquanto que os protocolos das camadas superiores como o TCP e o IP especificam porções das camadas de Transporte (Layer 4) e de Rede (Layer 3). Este padrão é a base para comunicação ponto-a-ponto entre os equipamentos de rede.
A tecnologia Gigabit Ethernet surgiu da necessidade criada pelo aumento de largura de banda nas "pontas" das redes (ex.: servidores e estações de trabalho) e também pela redução constante dos custos entre as tecnologias compartilhadas e comutadas, juntamente com as demandas das aplicações atuais. Com isso, o "gargalo" passou a ser o backbone e as conexões dos servidores. Assim, o Gigabit Ethernet, por seu apelo de poder oferecer a solução para o congestionamento de backbones, por atender às demandas cada vez maiores das aplicações (multimídia, videoconferência, etc.) e por ser uma tecnologia familiar e compatível com o padrão Ethernet - o que traz grandes benefícios como economia com treinamento de profissionais e a proteção do investimento já feito - está atraindo, cada vez mais, a atenção da indústria e dos profissionais da área de redes.
Os trabalhos para definição do padrão da tecnologia Gigabit Ethernet, ou IEEE 802.3z, foram iniciados em julho de 1996 e o interesse da indústria pelo padrão levou à criação de um consórcio aberto formado por dezenas de fabricantes, chamado de Gigabit Ethernet Alliance (GEA). O propósito deste consórcio é promover a cooperação da indústria no desenvolvimento do padrão, e tem por objetivos principais suportar as atividades de padronização conduzidas pelo grupo de trabalho IEEE 802.3z, contribuir com conteúdo técnico para facilitar o consenso em especificações, oferecer um canal de comunicação entre fornecedores e consumidores e fornecer recursos para estabelecer e demonstrar interoperabilidade entre produtos. Em janeiro de 1997, o grupo de trabalho 802.3z fechou a especificação impedindo a inclusão de novas características e apresentou um primeiro draft bem estável. Baseados nestas especificações, poucos meses depois, alguns fabricantes já foram capazes de produzir produtos Gigabit Ethernet, além de terem sido capazes de montar redes de demonstração com seus equipamentos interconectados em eventos e feiras.
Os Padrões
Além de 1GBPS...
O Gigabit Ethernet traz para as redes locais outras características além da velocidade de 1Gbps. Junto com tanta rapidez e largura de banda, torna-se cada vez mais necessário um maior controle sobre a rede, ou seja, maior flexibilidade para configurações e facilidades de gerenciamento e controle dos fluxos de dados.
Um recurso que ajudará o Gigabit Ethernet no controle do fluxo de dados, é o protocolo RSVP (Reservation Protocol), que é o padrão proposto para sinalização de QoS (Qualidade de Serviço) em um ambiente IP baseado em roteadores.
O RSVP é focado em reservar largura de banda para um pequeno número de conexões. Não se pretende que ele seja capaz de suportar muitas (centenas) conexões de clientes para servidores através do backbone. Além disso, o RSVP foi projetado como um QoS baseado na regra do "melhor esforço". Isso significa que, mesmo que uma requisição direcionada a um QoS específico, tenha seu recebimento confirmado, não é obrigatoriamente certo que a rede conseguirá entregar os datagramas. A tecnologia Gigabit Ethernet será bem aproveitada se aplicada a conexões que não exijam rigorosidade dos recursos QoS.
O uso do QoS exige, além do protocolo de sinalização, um protocolo de roteamento apropriado. O IETF (Internet Engineering Task Force) já iniciou os trabalhos para reprojetar o protocolo de roteamento OSPF (Open Shortest Path First) para suportar roteamento QoS.
Gigabit Ethernet: vantagens
O Gigabit Ethernet tem como principais vantagens a popularidade da tecnologia Ethernet e o seu custo. Basicamente, ele oferece um aumento de 10 vezes em relação ao desempenho da tecnologia mais popular atualmente para conexão entre comutadores e de servidores: o Fast Ethernet. Trata-se de uma tecnologia conhecida, protegendo o investimento feito em recursos humanos e em equipamentos. Não há nenhuma nova camada de protocolo para ser estudada, tendo conseqüentemente, uma pequena curva de tempo de aprendizagem em relação a atualização dos profissionais. A implementação dos comutadores e hubs Gigabit Ethernet deverá acontecer de forma simples e rápida, após um projeto que analise e defina onde os mesmos devem ser colocados dentro do backbone.
Gigabit Ethernet: desvantagens
QUALIDADE DE SERVIÇO (QoS)
Apesar da alta velocidade, o padrão Gigabit Ethernet não suporta QoS, que é um dos pontos mais fortes da tecnologia ATM. Desta forma, ele não pode garantir o cumprimento das exigências de aplicações, como a videoconferência com grande número de participantes, ou mesmo uma transmissão de vídeo em tempo-real de um ponto para muitos pontos.
Para minimizar este problema, o IEEE trabalha no sentido de desenvolver um padrão que defina um esquema de prioridade (IEEE 802.1p) e possibilite algo "parecido" com o QoS.
É importante lembrar que o Gigabit Ethernet é uma tecnologia MAC e PHY e que, nas atuais implementações, funcionará com outras especificações do IETF e IEEE. Isso quer dizer que o problema da Qualidade de Serviço e Classe de Serviço serão questões a serem resolvidas pelos protocolos das camadas superiores como o 802.3x (para controle de fluxo), 802.1Q (para redes virtuais - VLANs), 802.1p (para priorização de tráfego) e RSVP para reserva de banda. Então, apesar do Gigabit Ethernet ser otimizado para alta velocidade de dados, ele poderá ter condições de fornecer filas de prioridade para suportar aplicações como voz e vídeo sobre IP em tempo-real.
Aplicações
O Gigabit Ethernet, assim como o ATM, foi desenvolvido para fornecer uma largura de banda maior na rede, descongestionando os gargalos do backbone.
Tipicamente, esta tecnologia poderá ser aplicada nas seguintes tarefas ou situações: na posição de ponto central (core) de comutação de pacotes entre redes Ethernet e Fast-Ethernet em um backbone corporativo, em um backbone acadêmico (universidades), nos provedores Internet, em pontos de presença, atendendo a servidores de alto-desempenho e, por fim, nos usuários que demandam alta largura de banda para uso de multimídia e outras aplicações.
Em uma rede cujo projeto leve em conta o balanceamento do tráfego é possível oferecer, mesmo sem QoS, um ambiente propício para uso de aplicações multimídia que podem rodar com ótimo desempenho, sem serem afetadas por outros tipos de tráfego.
Conclusão
A tecnologia Gigabit Ethernet é a evolução natural das tecnologias Ethernet e Fast Ethernet. Além da maior largura de banda que oferece, o Gigabit Ethernet traz também novas características que o permitem funcionar como uma rede mais "inteligente", e, espera-se, com custos mais baixos que outras tecnologias de alta velocidade, nos quesitos de implementação, manutenção e suporte.
Referências bibliográficas
Gigabit Ethernet White Paper
by Gigabit Ethernet Alliance (1997)
http://www.gigabit-ethernet.org/
technology/whitepapers/gige_0997/papers97_toc.html
Sites relacionados
- Gigabit Ethernet Alliance
http://www.gigabit-ethernet.org/
- Gigabit Ethernet FAQ
http://www.gigabit-ethernet.org/technology/faq.html
- Fibre Channel Association
http://www.fibrechannel.com/
- 3COM Corp.
"Gigabit Ethernet On The Horizon"
http://www.3com.com/0files/strategy/600220.html
http://www.3com.com/solutions/key_net/gigabit/gigabit.html
http://www.3com.com/technology/tech_net/white_papers/500639.html
- Cisco Systems
http://www.cisco.com/warp/public/801/34.html
http://www.cisco.com/warp/public/729/gigabit/gigbt_qp.htm
- Ethernet Technology
www.cs.bsu.edu/homepages/peb/cs637/ethernet/concepts.htm
- "Battle of the Backbones: ATM vs. Gigabit Ethernet" - Data Communications (Abril 1997)
by Joe Skorupa (Fore Systems Inc.) and George Prodan (Extreme Networks Inc.) –
http://www.data.com/tutorials/backbones.html
- Yahoo Gigabit Networking Page
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/
Communications_and_Networking/Gigabit_Networking/
- "Gigabit Ethernet Gets It Done" - Data Communications Magazine, Fev. 1998
Robert Mandeville and Deval Shah, http://www.data.com/lab_tests/ethernet.html
- CERN Gigabit Ethernet homepage
http://www.cern.ch/HSI/gigaether/
- Papers and Reports
http://www.ots.utexas.edu/ethernet/papers.html
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