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ISSN 1518-5974
Boletim bimestral sobre tecnologia de redes
produzido e publicado pela  RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
12 de dezembro de 1997 | volume 1, número 7

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Nesta edição:

NewsGeneration:



Gerenciamento de Redes TCP/IP - continuação

Michele Mara de A. Espíndula Lima <>

Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)

Simple network management protocol SNMPv2
Remote network monitoring MIB
RMON2
Mitos
Novos conceitos e abordagens
Conclusão
Referências bibliográficas

A necessidade de gerenciamenteo de redes vem fazendo com que, cada vez mais, sejam pesquisadas e desenvolvidas novas técnicas e abordagens para este tipo de problema.

Este artigo é uma continuação daquele publicado na terceira edição deste boletim e que fazia uma introdução ao gerencimento de redes, apresentando os conceitos básicos envolvidos com o modelo de gerenciamento SNMP. Aqui, será apresentado a nova versão deste protocolo, o SNMPv2, como também a mais importante extensão da MIB-II, o RMON. Em seguida, o leitor tomará conhecimento dos mitos que levaram a utilização do SNMP para gerenciamento de redes TCP/IP. E, finalmente, serão apresentadas as novas abordagens e tecnologias que estão surgindo para Gerenciamento de Redes TCP/IP, procurando sempre fazer um levantamento dos pontos que estão em aberto ou que ainda não estão completamente definidos.

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Simple network management protocol SNMPv2

Apesar do alto índice de aceitação, a implementação de protocolos e aplicações SNMP apresentaram deficiências, principalmente, com relação a segurança e a transferência eficiente de um grande número de informações do agente para o gerente. Além disso, o SNMP não se adequa ao gerenciamento de grandes redes de computadores, devido ao fato de apresentar limitações de desempenho para obtenção de requisições explícitas, e não dar suporte à comunicação gerente-gerente.

Apenas durante o ano de 1993, foram publicadas 11 RFCs definindo revisões para o SNMP e dando início ao padrão SNMPv2, sendo o primeiro, o RFC 1441 [Case et al 1993].

Esta série de revisões trouxe consigo grandes avanços que foram incorporados ao protocolo original. Tais avanços podem ser classificados de acordo com as seguintes categorias:

A estrutura de informação de gerenciamento (SMIv2) para o SNMPv2 é mais elaborada, e eliminou ambigüidades nas definições dos objetos encontrados nas especificações anteriores.

Em relação às primitivas foram acrescentados dois novos PDUs:

A comunicação gerente-gerente, como também o gerenciamento hierárquico, foram incorporados ao protocolo com a introdução do novo tipo de mensagem, inform-request; e com a SNMPv2-M2M MIB, que é constituída por dois grupos: um grupo de alerta e um grupo de eventos.

No tocante a segurança, o SNMPv2 acrescentou ao protocolo novos conceitos e serviços que trouxeram mais segurança ao protocolo. Os conceitos incluídos foram: o conceito de visão de MIB definido em termos de sub-árvores, restringindo o acesso a porções predefinidas da MIB; e o conceito de contexto, que é uma coleção de objetos e seus respectivos agentes, e a especificação dos privilégios envolvidos. Os serviços incluídos são de integridade, autenticação e confiabilidade dos dados.

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Remote network monitoring MIB

A mais importante adição ao conjunto básico de protocolos SNMPs é o padrão RMON. Esta especificação define uma MIB que complementa a MIB-II e provê informações vitais ao gerente de rede sobre a interede. Apesar de ser apenas uma simples especificação de uma MIB, este padrão trouxe consigo uma significante expansão à funcionalidade do SNMP [Stallings 1993].

Com a utilização da MIB-II, um gerente de redes pode obter apenas informações locais sobre os dispositivos gerenciados, e sem RMON, um gerente SNMP não poderia aprender sobre o tráfego da rede como um todo. Os dispositivos que até então eram utilizados para monitorar a rede são conhecidos como analisadores de protocolos ou monitores de rede e operam em modo "promíscuo", vendo cada pacote que passa na rede.

Um sistema que implementa a RMON MIB é denominado de "monitor RMON", e este monitor possui um agente SNMP. Para efeitos de gerenciamento em um ambiente de interedes, deve existir tipicamente um monitor para cada subrede. Para um efetivo gerenciamento de rede, estes monitores precisam se comunicar com uma "estação central de gerenciamento". Neste contexto, estes monitores são referenciados como monitores remotos.

Os monitores operam até o nível de enlace de dados, obtendo automaticamente informações sobre o tráfego nos segmentos de rede. A estação central de gerenciamento configura remotamente estes monitores.

O RFC 1271 [Waldbusser 1991] lista os seguintes objetivos para RMON:

Revisões da especificação original do RMON foram publicadas como o RFC 1757 [Waldbusser 1995], e tais revisões fazem uso de algumas convenções da MIB para o SNMPv2.

Os principais avanços instroduzidos pelo padrão RMON foram:

CONTROLE DE MONITORAMENTO REMOTO

Com o objetivo de efetivamente gerenciar um monitor remoto, a RMON MIB contém características que possibilitam o controle efetivo da estação de gerenciamento. Estas características podem ser agrupadas em duas categorias:

MÚLTIPLOS GERENTES

Na arquitetura RMON, agentes podem estar sujeitos ao gerenciamento de muitas estações gerentes. No caso de um agente RMON ser compartilhado alguns problemas podem surgir, são eles:

Para tentar solucionar tais problemas uma combinação de requisitos devem ser utilizados, são eles:

GERENCIAMENTO DE TABELAS

Um outro grande avanço introduzido com o padrão RMON, foi o gerenciamento de tabelas, atividade que não era muito clara no padrão SNMP original. A especificação RMON inclui convenções textuais e regras mais claras e disciplinadas para a adição e remoção de linhas.

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RMON2

Com a utilização do padrão RMON original, um monitor RMON pode monitorar o tráfego de rede ao qual está conectado, mas não pode saber de onde está provindo originalmente este tráfego, nem tão pouco o destino final.

Para tentar solucionar esta deficiência, foi criado um grupo de trabalho para desenvolver o padrão RMON2, gerando dois internet drafts: Remote Network Monitoring MIB Version 2 [Waldbusser 1996] e Remote Network Monitoring MIB Protocol Identifiers [Bierman e Iddon 1996].

Um monitor RMON2 não está limitado a monitorar e decodificar o tráfego da camada de rede [Stallings 1996]. Ele também pode ver os protocolos de alto nível rodando acima da camada de rede, determinando, assim, que protocolos da camada de aplicação estão gerando este tráfego.

Um gerente necessita, periodicamente, consultar os monitores para obter informações. Seria interessante, para efeitos de eficiência, que apenas os dados que foram alterados desde a última consulta fossem retornados. Para possibilitar tal facilidade, o RMON2 criou o conceito de filtragem de tempo (time filtering), introduzindo um time stamp em cada linha, que armazena a última vez em que esta foi alterada.

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Mitos

A utilização do SNMP para gerenciamento de rede na Internet é produto de vários mitos. Os dois mais críticos e de maior relevância são: o mito do colapso de rede e o mito do agente bobo [Wellens e Auerbach 1996].

COLAPSO DE REDE

A escolha da utilização de UDP como protocolo de transporte para o SNMP, aconteceu devido ao fato deste tipo de protocolo não orientado a conexão ter a habilidade de continuar funcionando quando a rede falha. O mito diz que se fosse utilizada uma conexão TCP, esta seria desfeita enquanto que o UDP continuaria funcionando para salvar o dia.

Só que existe uma diferença básica entre gerenciamento de redes em termos de monitoração e gerenciamento de redes em termos de resolução de problemas.

Ultimamente 100% do gerenciamento de redes que vem sendo feito é quando a rede não está falhando, e até porque hoje quando há uma pane de rede é devido a problemas físicos e assim nem o TCP nem tão pouco o UDP irão funcionar.

Com este ponto de vista, nós podemos dizer que as vantagens da utilização do UDP como protocolo de transporte é realmente apenas um mito, e que o TCP pode ser utilizado como protocolo de transporte para o SNMP e com até algumas vantagens, quando se está fazendo monitoração.

Outro ponto importante é que os algoritmos criados para prevenir congestionamento de TCP fizeram com que o uso de mensagens TCP se comportassem bem melhor para aliviar congestionamentos que mensagens UDP.

Além disso, é esperado que se possa requisitar prioridade ao tráfego de gerenciamento de redes. Com isso, tendo um caminho já estabelecido, pode-se monitorar e controlar a rede, não importando quão congestionada ela esteja.

Para se fazer resolução de problema num caso de falha na rede, é necessário que sejam desenvolvidas ferramentas e técnicas diferentes das utilizadas hoje para monitoração e controle. Até porque o uso de SNMP para este tipo de tarefa é bem menos eficiente que utilizar ferramentas como ping, nslookup, traceroute e mtrace.

AGENTE BOBO

Um outro grande mito que vem sendo criado é o do agente bobo. Sempre se ouviu falar que alguns dispositivos de rede, só possuem capacidade de processamento suficiente apenas para suportar um agente SNMP. Por este motivo, foi criado até o conceito de agente proxy para que dispositivos com pouca capacidade de processamento pudessem ser gerenciados.

Hoje os dispositivos de rede possuem mais capacidade de processamento e memória que as próprias estações de gerenciamento de algum tempo atrás.

Com esta evolução nos dispositivos, alguns deles hoje são capazes de gerenciar a si próprios se assim se desejar. Com isso, derruba-se este mito de que os agentes tem que ser simples e bobos, e que só uma estação com maior capacidade de processamento teria a capacidade de ser "gerente".

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Novos conceitos e abordagens

Como tudo evolui, gerenciamento de redes também está evoluindo e muitas coisas que alguns anos atrás eram "verdades" hoje já não são mais. Pontos que eram considerados importantes e de relevância já não possuem a mesma importância de antes. Assim, antigos conceitos estão sendo revistos, e novos estão surgindo, levando todos a reavaliar a forma que está sendo feito gerenciamento de redes hoje, e levantando perspectivas para o futuro.

Neste capítulo serão apresentados novos conceitos e tecnologias, buscando-se fazer uma análise crítica e levantar os pontos ainda em aberto. [Wellens e Auerbach 1996]

Os pontos abordados serão os seguintes:

MIB'S

Durante os anos de vida do SNMP, surgiram várias e várias MIB's. Elas formam uma coleção de dados e valores necessários para monitorar e controlar dispositivos de rede que foram levantados por especialistas durante todos estes anos. As MIB's e a especificação SMI são o mais importante legado do SNMP.

Através da utilização das MIB's, aprendeu-se o valor de definições claras e concisas, formando o veículo fundamental pelo qual uma estação de gerenciamento pode aprender sobre os dispositivos que estão sob o seu controle.

Apesar desta importância, alguns aprimoramentos ainda podem ser feitos às definições das MIB's. Serão apresentadas duas novas funcionalidades a seguir [Wellens e Auerbach 1996].


Meta Variáveis

Meta-variáveis são variáveis que existem apenas na definição da MIB. Cada meta-variável é definida em função de variáveis reais da MIB.

O conceito de meta-variáveis vem sendo discutido há, basicamente, seis anos. Além de ser simples de se fazer, não requer que nenhuma alteração seja feita nos protocolos existentes ou na implementação dos agentes.

Por exemplo, poderia existir uma meta-variável chamada "taxa de erro" que seria calculada utilizando como base as variáveis reais ifInErros, ifOutErros e sysUpTime, fazendo-se:

Taxa de erro = (ifInErros + ifOutErros)/ sysUpTime

A idéia básica é utilizar-se dos conhecimentos dos gerentes de rede espalhados pelo mundo, para que estes, com a sua experiência, informem que informações acham relevantes para se chegar a um consenso de que meta-variáveis precisariam ser definidas.

Para obter o valor destas meta-variáveis, a estação de gerenciamento tem que executar a função ela mesma. Isto implica que esta função deve ser expressa em alguns procedimentos que devem ser mapeados em get's e set's. Alguns acham que estas funções seriam melhor expressas em forma de simples scripts.

Extensões podem ser feitas ao conceito de meta-variáveis. Uma delas seria incluir dispositivos dedicados para gerar os valores destas meta-variáveis e exportá-las como variáveis reais SNMP através de uma MIB própria deste dispositivo.

Uma outra possível extensão deste conceito, seria os próprios agentes calcularem os valores das meta-variáveis, tornando-as assim variáveis reais.


Scripting MIB's

Como já foi dito anteriormente, RMON adicionou a facilidade de invocação de uma ação através da utilização de um objeto para representar um comando [Wellens e Auerbach 1996].

Com esta facilidade, pode-se inserir um script a um dispositivo, iniciar sua execução, requisitar ou esperar que lhe seja informado o resultado. Um script poderia, por exemplo, monitorar as variáveis de um dispositivo observando sinais de erro. Depois ele poderia reportar o problema, fazer mais testes para se fazer um diagnóstico, ou tomar atitudes com o intuito de se fazer uma correção.

Um script completo pode ser expresso como uma linguagem interpretativa, onde cada linha do mesmo seria uma linha da tabela. Assim, cada linha seria executada mediante a alteração dos objetos correspondentes.

Uma outra possibilidade seria tratar um script inteiro como uma variável, e a sua invocação pelo gerente se daria através de uma mensagem get. O agente, mediante o recebimento desta mensagem, espera que o script termine a execução e retorna o resultado para o gerente, como se fosse uma variável comun.

As dificuldades para a utilização de scripts não estão neles mesmos ou na linguagem que eles são implementados. As dificuldades são:


GERENTES

Gerenciamento por Delegação ou Gerentes por Área Semi-Autônomos

A utilização de scripts traz consigo a possibilidade de se criar um sistema onde as tarefas de monitoração e de controle de um gerente de mais alto nível podem ser repassadas para subgerentes, responsáveis por uma área específica, determinada pela proximidade com os dispositivos gerenciados.

Esta não é uma idéia nova. Existem ferramentas construídas com esta técnica, e alguns artigos e teses escritas sobre o assunto [Goldszmidt e Yemini 1993] [Goldszmidt e Yemini 1995] [Goldszmidt 1996] , sendo, desta forma, uma área já bem desenvolvida.

A idéia básica é "gerenciamento por delegação", onde o gerente do nível superior cria um script que é carregado nos gerentes de área para execução. Este gerente de área ou subgerente, é um dispositivo multi-threadead e pode executar vários scripts simultaneamente, permitindo, assim, que um único subgerente possa ser invocado por vários gerentes superiores [Wellens e Auerbach 1996]

Um dos benefícios da proximidade dos subgerentes com os dispositivos sendo gerenciados é que, com a grande banda e presumidamente uma baixa taxa de perda e de erros de pacote, permite-se que mensagens SNMP sejam trocadas de forma rápida e confiável.


AGENTES

Vermes - Agentes Migratórios

O termo "verme" em redes de computadores foi utilizado por John Brunner para denominar um programa que se move através da rede, indo de computador a computador e com a capacidade ainda de se reproduzir [Wellens e Auerbach 1996].

Em termos de gerenciamento de redes, vermes são scripts que se replicam e migram. Eles, como também o gerenciamento por delegação, são derivados do conceito de scripting MIB's.

Os agentes migratórios possuem uma gama de aplicações muito vasta. Eles podem ser utilizados para gerenciamento de configuração e de desempenho. Também podem ser utilizados para o transporte de dados não disponíveis no ambiente SNMP, e para manter tais informações confidenciais.

Pode-se utilizar tais agentes para aprimorar a detecção de falhas e a sua correção nas aplicações de gerenciamento SNMP. No caso, por exemplo, de um dispositivo estar mandando notificação de um problema interno, um agente pode ser disparado especificamente para aquele dispositivo e para aquele problema.

Uma outra utilização bastante interessante seria a utilização destes agentes migratórios como agentes proxy.

Alguns problemas já podem ser observados, e são bastante semelhantes aos problemas apresentados na seção que trata de scripting MIB's.

Esta é uma área que está começando a ser explorada, e que ainda se tem muito o que ser pesquisado e formalizado. Existem muitas perguntas a serem respondidas: como e para onde os agentes devem migrar? Eles devem poder se reproduzir ou apenas migrar? Como seria seu plano de ação? Como garantir ao gerente o controle e o resgate de agentes que foram disparados? O que fazer quando o agente não retorna ao gerente?

Algumas pesquisas já estão sendo feitas nesta área, dentre elas a que foi citada em [Burns 1996]. Nesta experiência, é descrito um agente chamado de "cyber agent" escrito em Java e que possui as seguintes características:

Uma outra utilização para agentes migratórios, seria a combinação deste conceito com o de gerenciamento por delegação. Nesta proposta, os subgerentes monitorariam os dispositivos sob sua responsabilidade através de agentes migratórios.

O gerente central poderia determinar que cada subgerente utilizasse um plano de viagem distinto para se fazer o gerenciamento dos dispositivos sob seu controle.


MÉTODOS DE ACESSO - PROTOCOLOS

Anteriormente, foi falado sobre o mito de se poder continuar a fazer gerenciamento, no caso de uma pane, se o SNMP fosse baseado em um protocolo de transporte não orientado a conexões.

Nesta seção, nós trataremos de alguns pontos em relação ao tipo de conexão utilizada no SNMP e da utilização de um outro protocolo, o HTTP, como protocolo de acesso.


Associações de Longa Duração

Existe uma relação bem estabelecida entre a estação gerente e os dispositivos gerenciados.

Mas, no SNMP, este relacionamento é de certa forma vago e indireto. Uma estação não mantém uma comunicação direta com o dispositivo. A medida em que se precisa de informações, uma comunicação é estabelecida e logo depois é desfeita, tornando cada comunicação única.

Seria interessante que se tivesse uma associação explícita entre a estação gerente e o agente, partindo-se do pressuposto de que não vai haver apenas uma única troca de informações entre eles, e além de que, possivelmente, depois de uma troca de mensagem, uma outra será feita.

Esta associação seria composta de informações de segurança e outras informações de estado, e deveria existir, quando possível, uma conexão de transporte aberta entre o gerente e o agente.

Esta abordagem simplifica muito as questões relacionadas com segurança, já que a autenticação e a privacidade seriam estabelecidas com o início da associação e só seria necessário uma outra troca de informações de segurança em pontos importantes da associação.

Uma outra vantagem desta abordagem seria uma grande melhoria de desempenho na transmissão de grandes quantidades de dados.

Como também já foi apresentado, o SNMP poderia utilizar o TCP como protocolo de transporte, já que as razões apresentadas no início para a utilização de UDP não são mais tão vantajosas.


Uso de HTTP como Método de Acesso

Os mitos que aqui foram tratados e a questão discutida na seção anterior têm levado a se fazer vários debates sobre a utilização de um protocolo de transporte orientado a conexão.

Hoje, na Internet, está-se fazendo com grande sucesso uma enorme carga de transações World Wide Web HTTP , que é baseado em conexões TCP.

E, na área de gerenciamento de rede, também está crescendo, cada vez mais, a utilização de Web. Muitas empresas estão utilizando sites internos para exibir o status da rede e informações de desempenho. Tendo este tipo de abordagem menor custo e provendo mais fácil acesso às informações do que as plataformas de gerenciamento de redes usadas até então.

A utilização do HTTP como protocolo de comunicação para gerenciamento traz grandes vantagens. Primeiro, não seria mais necessário softwares especializados de gerenciamento para monitorar e configurar um dispositivo. Segundo, poderiam se utilizar as conexões do HTTP com maior eficiência no transporte de grande quantidade de dados. Terceiro, problemas de versões que ocorrem quando um antigo agente ou gerente não mais suportam o novo seriam diminuídos. Outra grande vantagem é a independência de plataforma e a independencia de localização da aplicação. E, finalmente, a integração com documentação on-line, que pode ser facilmente produzida.

Mas nem tudo são flores. Desvantagens também existem. Uma delas é que uma conexão TCP para se trazer apenas uma variável não vale a pena. Mas, se levarmos em consideração o que foi discutido na seção anterior, veremos que isto não deve acontecer com freqüência.

Outra questão é a latência do HTTP, mas já estão sendo buscadas soluções para este problema.

Fala-se, também, sobre o problema da padronização das informações que devem ser exportadas pelos agentes. O problema é que a carga de como mostrar as informações ficaria com o agente. Mas, isto seria um problema apenas para dispositivos mais simples.

Um outro problema apontado é que a utilização do TCP para grandes transportes de dados não traz tantos ganhos em comparação com a mensagem get-bulk.

APLICAÇÕES DE GERENCIAMENTO

Os padrões SNMP vêm sendo utilizados com muito sucesso já há algum tempo devido a sua grande capacidade de se adequar a aplicações específicas de dispositivos, bastando para isto o fabricante construir uma MIB e um agente que saiba tratar os dados representados nesta MIB.

Apesar do SNMP em si ser relativamente "simples", há um certo trabalho para dar suporte a uma MIB no agente. Há ainda mais trabalho para construir o suporte de gerenciamento para utilizar os dados da MIB, e ainda um pouco mais quando se fala em desenvolver o gerenciamento nas várias plataformas existentes para gerenciamento de redes.


Aplicações de Gerenciamento nos Dispositivos - Utilização de WWW

Hoje, basicamente, todos que têm acesso a Internet possuem um browser para WWW (Word-wide Web).

Como já foi falado, alguns dispositivos hoje podem ser comparados às estações de gerenciamento de alguns anos atrás em termos de capacidade de processamento. Além disso, o emprego de um servidor HTTP/HTML não é tão mais complexo e não utiliza muito mais memória que um agente SNMP.

Com isso, o fabricante de dispositivos pode vender um produto mais completo em termos de gerenciamento. Seu produto inclui suas próprias funções de gerenciamento e não depende de nada, exceto de um browser WWW para fazer o gerenciamento. E, no que diz respeito às funções de gerenciamento, o fabricante pode controlar tudo em relação ao dispositivo e seu gerenciamento, indo desde a operação até a sua GUI [Wellens e Auerbach 1996][Mullaney 1996].

Esta é uma área bastante atraente, com muitas coisas ainda por fazer, e que pode alterar a maneira que se faz gerenciamento até então. Com esta técnica, deixam de existir claramente a figura da estação de gerenciamento e do agente. Agora existem no próprio dispositivo o gerente e o agente, e, as vezes, até estas duas funções chegam a se confundir.

Existem, porém, questões sérias a serem levantadas. Se existe no próprio dispositivo um gerente e um agente, ainda vai ser necessário a utilização do SNMP como protocolo de comunicação entre estes elementos? Como seria então a comunicação entre eles? Como seria a comunicação entre o gerente e o servidor HTTP? Como o gerente humano poderia dizer ao gerente que informações gostaria que fossem gerenciadas? E como trocar informações entre todos estes dispositivos gerentes/agentes? Dispositivos que suportam ambos os protocolos SNMP e HTTP não estariam duplicando funcionalidades? Não seria interessante criar um padrão de interoperabilidade entre estes protocolos?

Respostas para estas perguntas podem surgir dos pontos já tratados anteriormente e até da combinação de alguns deles.

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Conclusão

Várias idéias já surgiram melhores até que o SNMP, só que muitas falharam. O SNMP, apesar de ter deficiências, ainda representa o melhor em termos de equilíbrio entre o que é possível e o que é prático. Uma coisa pelo menos está clara: as MIBÆs e suas especificações SMI, ainda irão sobreviver mesmo que o protocolo SNMP morra. Como já foi falado, elas são o mais importante legado deixado pelo conjunto de protocolos SNMP.

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