NewsGeneration: um serviço oferecido pela RNP desde 1997


ISSN 1518-5974
Boletim bimestral sobre tecnologia de redes
produzido e publicado pela  RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
07 de novembro de 1997 | volume 1, número 6

volta à página inicial de NewsGeneration

Nesta edição:

NewsGeneration:



Criando um PIR Local

Gorgonio Araújo <>

Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)

Introdução
O que é um Pir local
A Configuração
Conclusão
Referência

Algumas vezes, usuários mais curiosos espantam-se ao descobrir que a troca de correspondências eletrônicas com um amigo em outro provedor de acesso vizinho ao seu, às vezes, ocorre utilizando rotas quilometricamente longas e estranhas. Este fato, fruto da diversidade de provedores de backbone hoje existentes no país, tem-se tornado bastante comum.

A criação de Pontos de Interconexões de Redes (PIRs) de âmbito local resolveria este problema, propiciando vantagens para os usuários e para os provedores de backbones, posto que melhoraria a qualidade de serviço e contribuiria para desafogar os links externos dos seus PoPs. Propomos aqui uma solução simples e eficaz para implantação de PIRs locais.

^

Introdução

Houve um tempo em que pesquisadores do Rio de Janeiro e São Paulo correspondiam-se eletronicamente utilizando a antiga BITNET via Montanhas Rochosas. No final da década de 90 havia algumas ligações internacionais acadêmicas no país. A taxas não superiores a 4.800 bps, a FAPESP e o LNCC/UFRJ, por exemplo, ligavam-se eletronicamente aos EUA, sendo esta a única e, portanto, melhor rota para troca de mensagens entre este dois estados vizinhos.

Mais de sete anos se passaram, e a Internet substituiu com vantagens a antiga rede. Chegou também no Brasil crescendo vertical e horizontalmente. Hoje, temos alguns backbones nacionais instalados no país, e outros estão por vir.

Em menos de uma década uma revolução ocorreu e continua em andamento no mundo de redes no Brasil, e, como bem definem os físicos, cá estamos no mesmo ponto. Com a proliferação backbones pelo país, o cenário da década passada volta a acontecer, desta feita em um âmbito menor. É comum termos provedores Internet ou instituições ligadas à Internet fisicamente bastante próximas, porém topologicamente a milhares de quilômetros de distância.

Como bem observou o outrora Barnabé Intinerante, Danton Nunes, o usuário Internet tipicamente está interessado em acessar a Rede para, ou conectar-se com o outro lado do mundo, ou com o seu vizinho. E este não entende como pode se comunicar melhor com um amigo que está no Japão, do que com um que mora a poucos metros de sua casa, ou ainda, como pode acessar a página Web do MIT com relativa facilidade, mas não consegue acesso à página de sua universidade.

Tal fenômeno ocorre quando temos vários backbones que possuem uma boa conectividade com a Internet nos EUA, mas que não têm uma interconexão, ou, quando a possui, esta não atende a demanda, como acontece atualmente com os dois maiores backbones Internet do Brasil.

A solução não é voltar àquela antiga situação onde instituições no Brasil trocavam mensagens via Rochosas. A solução é incentivarmos o aumento dos chamados Pontos de Interconexão de Redes (PIRs) que devem ser instalados em todo o país. Desta forma, desafogam-se os caros e concorridos links internacionais e propicia-se um melhor serviço aos navegadores brasileiros em terras brasileiras. 

Descrevemos, neste artigo, os aspectos técnicos da criação de PIRs locais, voltados para permitir o roteamento estritamente entre instituições localizadas numa mesma região de uma forma simples e funcional.

^

O que é um Pir local

Um PIR local tem como único objetivo a troca de tráfego exclusivamente entre redes ligadas a ele. A principal diferença entre um PIR local de um nacional é o porte. Enquanto um PIR nacional possibilita a troca de tráfego entre quaisquer redes em diferentes backbones a ele ligados, o local limita-se ao tráfego entre algumas redes destes backbones. Neste caso, o PIR local não proporciona a ligação de backbones, mas, em geral, de PoPs de diferentes backbones que encontram-se geograficamente próximos.

O PIR local simplifica o problema de roteamento entre dois backbones, requerendo, portanto, uma solução simples para o caso. Pela simplicidade do problema, sugerimos aqui a utilização de roteamento interno para este caso, porém, recomendando os necessários cuidados nas divulgações das rotas, tanto por parte do PIR para os PoPs a ele ligados, quanto por parte dos PoPs para os seus respectivos backbones.

^

A Configuração

Na figura a seguir, esquematizamos um hipotético PIR local, representado em verde, interligando dois PoPs dos backbones A e B. Ligados a cada PoP, há, respectivamente, duas redes, a C e D e a E e F.  

Esquema de um PIR local

O PIR deverá divulgar, no PoP A, as rotas para as redes B, E e F e, no B, as rotas para A, C e D. O PoP A não deve divulgar no backbone A as rotas para B, E e F; e o B, por sua vez, não deve divulgar no seu backbone as rotas para A, C e D.

Uma boa estratégia é configurar os roteadores externos de cada PoP, i.e. os ligados aos respectivos backbones e ao PIR para divulgarem apenas as rede internas do PoP. Outro ponto importante é configurar como rota default a saída para o seu backbone. Por precaução, podem ser também filtradas as saídas pela interface do backbone de pacotes que não sejam das redes internas do PoP. 

Deixamos como exercício para o leitor interessado os detalhes de configuração para o roteador por ele utilizado.

^

Conclusão

Vimos que a configuração de PIRs de pequeno porte para a troca de tráfego local é tecnicamente bastante simples.

Podemos verificar, também, que os custos de sua implementação também não são elevados. O investimento na criação de um PIR em princípio beneficiaria todos os PoPs envolvido e seus clientes, sendo portanto natural que não haja custo com a assinatura Internet. O que precisa ser avaliado em cada caso, analisando o tráfego entre as duas rede, é se os custos (cada vez menores) com a LPCD serão compensados pela melhora na qualidade do serviço e na diminuição do trafego externo.

^

Referência

GT-ER Subgrupo de Roteamento. http://www.pop-rj.rnp.br/gtrota/ em Out/1997.

^

NewsGeneration, um serviço oferecido pela RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
Copyright © RNP, 1997 – 2004