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- Clipping
Rio discute formação de profissionais em
Tecnologia da Informação
Marcus Vinicius Mannarino
O Globo
http://www.oglobo.com.br/
06.09.00
A carência de mão-de-obra qualificada é
grande, mas não é uma exclusividade do Rio de
Janeiro. Essa foi, na verdade, menos uma conclusão
do que uma constatação do Workshop Formação
de Recursos Humanos em Tecnologia da Informação
para o Estado do Rio de Janeiro. Houve consenso em torno de
uma primeira questão relevante a ser resolvida. É
preciso definir o escopo teórico que compõe
esse campo multidisciplinar tão em evidência
num mundo globalizado. E o evento que foi realizado como início
de um amplo processo para mapear a atual situação
e traçar estratégias que visam à formação
e treinamento de recursos humanos em Tecnologia da Informação
(TI) no Estado acabou por esbarrar numa premissa: a necessidade
de adoção de estratégias para ampliar
a alfabetização da informática.
O Workshop reuniu cerca de 100 profissionais e representantes
de TI do meio acadêmico, do Governo do Rio e de empresas
privadas entre os dias 4 e 6 de setembro. No primeiro dia
foram apresentados painéis sobre a demanda de recursos
humanos de TI nas organizações públicas
e privadas, sobre os conteúdos básicos que esses
profissionais precisam dominar e sobre metodologias para formação
em larga escala. O segundo dia foi reservado para a discussão
dos participantes divididos em 9 Grupos de Trabalho (GT).
Os GTs foram organizados de forma a contemplar os diversos
campos teóricos que convergem sob a sigla TI.
O presidente do PRODERJ, Fernando Peregrino, deu uma amostra
do tamanho do problema no primeiro dia. Ele revelou que, só
no governo estadual, deve haver um déficit de 4 mil
pessoas para trabalhar no setor neste ano. O diretor executivo
da Computing Research Association, William Aspray, ao revelar
que a carência de mão-de-obra em TI não
é privilégio do Brasil, usou uma estatística
que levantou uma das questões centrais dos debates
do último dia do evento. O norte-americano usou um
gráfico para mostrar que apenas um terço da
mão-de-obra trabalhando atualmente na área de
tecnologia da informação em seu país
tem formação em Engenharia de Computação
ou Informática.
- Nossa meta para 2002 é ter cinco mil pessoas na
operação e mil no desenvolvimento do nosso setor
de tecnologia afirma Peregrino.
O professor da PUC-Rio Carlos Lucena citou um modelo que
tem sido muito usado na literatura da área e que define
a TI "como a convergência da informática,
das telecomunicações e de conteúdo",
sendo este último item desempenhado oportunamente por
qualquer área de conhecimento.
Algumas alternativas para abastecer o mercado foram levantadas.
A coordenadora geral do programa CNPq/Prossiga, Ione Chastinet,
defendeu que "nós não conseguiremos seguir
adiante sem treinar quem já está no mercado".
O representante da Associação das Empresas Brasileiras
de Software e Serviços de Informática (Assespro)
junto ao Conselho de Tecnologia da FIRJAN, Newton Palhano,
alertou que as empresas "estão buscando mais formação
técnica do que acadêmica". O coordenador
do Comitê Gestor da Internet no Brasil Ivan Moura Campos
fez coro e se posicionou preferencialmente a favor do investimento
em pesquisas aplicadas ao invés de pesquisas de base.
A adoção da Educação a Distância
(EAD) foi encarada consensualmente como uma metodologia necessária
para expandir o ensino em um país como o Brasil tanto
por suas características geográficas quanto
pelo déficit educacional acumulado. Contudo, permeando
todas as soluções levantadas, ficou em aberto
a questão do currículo adequado à formação
desse profissional tão valorizado no mercado. E uma
auto-crítica feita pelo professor Lucena na condição
de membro da organização foi apoiada por todos.
Faltou a constituição de um GT para pensar a
democratização do ensino da informática,
tanto pela necessidade profissional quanto pela social.
O evento, promovido pelo Governo do Estado e pela FAPERJ,
e realizado pela Rede Nacional de Pesquisa e pelo IMPA, foi
encerrado com a apresentação dos resultados
dos debates dos GTs. A presença do empresariado foi
observada e classificada como uma surpresa positiva na opinião
do diretor do TI Master, André Antunes.
- Como primeiro passo, o workshop foi ótimo, inclusive
porque vi muita gente do mercado aqui - explicou.
De acordo com os palestrantes, o Rio de Janeiro saiu na frente
ao realizar este workshop para elaborar um modelo de programa
de capacitação e definir ações
imediatas de implantação deste programa para
o Estado. Os relatórios de cada GT serão consolidados
e reunidos num livro. Todos os documentos gerados estarão
disponíveis também no site do evento http://www.rnp.br/ti-rj/.
Está prevista uma reunião daqui a duas semanas
para discutir os próximos passos.
^ início da página
workshop@nc-rj.rnp.br
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