RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

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A evolução das redes acadêmicas no Brasil

A infra-estrutura de telecomunicações

Até o final dos anos 90, as telecomunicações no País eram um monopólio estatal, normalmente exercido por empresas do grupo Telebrás, com por exemplo, a Embratel. A provisão de serviços de comunicação de dados era um monopólio da Embratel, que já oferecia certas tecnologias como serviços de linhas privadas, comutado de dados e via satélite. Internacionalmente, a Embratel também provia serviços de telecomunicações, através de satélites, cabos telefônicos submarinos e conexões terrestres para países vizinhos.

Primeiros passos

Até 1987 várias instituições brasileiras já haviam reconhecido a importância da utilização de redes de computadores para a comunidade acadêmica. Diversos projetos independentes estavam sendo preparados, especialmente no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), na UFRJ e na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Brasil iniciou sua interação com as grandes redes de computadores internacionais em 1988 e até 1993 já havia alcançado a posição de trigésimo país em ordem de atividadeA primeira conexão internacional foi estabelecida em 1988, à taxa 9.600 bps à rede Bitnet (que transportava mensagens de correio eletrônico), entre o LNCC, no Rio de Janeiro, e a Universidade de Maryland, nos EUA. A segunda conexão internacional, que inicialmente operava à taxa de 4.800 bps, foi instalada dois meses depois entre a Fapesp e Laboratório de Física de Altas Energias (Fermilab), em Chicago. A terceira conexão, também em 4.800 bps, foi instalada em maio de 1989 entre a UFRJ e a Universidade de California em Los Angeles (Ucla).

Com a interconexão a nível nacional entre as ilhas separadas e com a extensão de conectividade a outros centros de pesquisa no País, foi se estabelecendo uma rede nacional com acesso às redes internacionais. Isto ocorreu através do crescimento simultâneo das duas ilhas baseadas no LNCC e na Fapesp. Até o final de 1991, poucos estados não possuíam pelo menos um nó da rede. Neste período, o único serviço disponível nacionalmente ainda era o correio eletrônico.

Experimentação com a Internet

O acesso do país à Internet tornou-se possível em fevereiro de 1991, através de um processo experimental realizado pela Fapesp. Após aumentar para 9.600 bps a velocidade da sua conexão ao Fermilab, a Fundação começou a transportar tráfego IP, além de Bitnet. A conectividade IP foi logo estendida para um número pequeno de instituições nos estados de SP, RJ, RS e MG, com o uso de linhas privadas de baixa velocidade (entre 2.400 e 9.600 bps).

Esta rede embrionária proveu um ambiente de treinamento para técnicos de suporte de redes, além de um serviço operacional de correio eletrônico para alguns locais que não integravam a Bitnet. A perspectiva de acesso à Internet também deu um grande incentivo para a montagem de redes internas às instituições, através da integração de redes locais antes isoladas.

O primeiro serviço de produção foi inaugurado em maio de 1992, pela Rede-Rio de Computadores, mantida até hoje pela Faperj no Rio de Janeiro. A instalação da rede durou cerca de dois anos, e o projeto serviu de modelo para diversos outros no Brasil e para a reformulação do projeto da rede nacional, que ocorreu logo depois.

O modelo de rede brasileiro

A organização das redes brasileiras, no final de 1991, foi eminentemente cooperativa. Cada instituição participante custeava seu enlace de telecomunicações ou para o Rio ou para São Paulo, e o enlace direto entre os dois estados era custeado pelo governo federal, para manter a harmonia nacional.

Uma equipe montada pelo CNPq trabalhou na montagem da estrutura administrativa da rede nacional e baseou-se numa arquitetura que refletisse a organização administrativa do país, com os três níveis de espinha dorsal (backbone) nacional, redes regionais e redes institucionais.

A espinha dorsal nacional seria um projeto do governo federal, enquanto as redes regionais ficariam a cargo dos estados. Em termos funcionais, a rede regional interligaria as redes institucionais numa determinada região, e a espinha dorsal nacional proveria serviços de interconexão entre as redes regionais. A princípio, conexões internacionais seriam feitas a partir da espinha dorsal nacional.

A tecnologia de preferência da nova rede seria TCP/IP (da Internet), com roteadores multiprotocolares. As taxas de transmissão a serem usadas nestas redes deveria ser as mais altas possíveis – logo estaria sendo disponiblizado um serviço de 64 Kbps, especialmente em enlaces urbanos e internacionais.

A implementação da nova rede

Em 1992 foram instaladas a espinha dorsal nacional da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) do CNPq e as redes estaduais do Rio de Janeiro (Rede Rio) e de São Paulo (Ansp), que foram financiadas, respectivamente, pela Faperj e a Fapesp.

A Rede-Rio inovou no uso de enlaces de 64 Kbps na cidade do Rio, onde encontrava-se a maioria das suas instituições participantes. Aproveitando a tecnologia disponível, a Rede Rio estabeleceu conexão ao Centro de Supercomputação em San Diego, nos EUA. O centro de operações da Rede-Rio foi montado na UFRJ.

A Ansp usava inicialmente circuitos internos de apenas 9.600 bps. Mas, alguns clientes, como por exemplo a Universidade de São Paulo (USP), eram atendidos com múltiplos circuitos deste tipo. O enlace internacional continuou a ligar a Fapesp aos Estados Unidos. O centro de operações da Ansp se manteve na Fapesp.

A espinha dorsal nacional da RNP, foi montada ao longo do segundo semestre de 1992 e interligava pontos de presença localizados em Brasília e em dez capitais. A rede foi implementada, inicialmente, com circuitos de 9.600 bps. Com o passar do tempo e a disponibilidade de infra-estrutura da Embratel, alguns destes enlaces tiveram sua taxa de transmissão aumentada para 64 Kbps. Em 1993, já haviam sido instalados enlaces de 64 Kbps entre São Paulo e Porto Alegre, e no triângulo São Paulo – Rio de Janeiro – Brasília; e, em 1994, foi a vez da conexão entre São Paulo e Recife.

Depois de 1992, outros estados instalaram suas redes regionais, e estas passaram a integrar o segmento brasileiro da Internet. As primeiras foram as do Rio Grande do Sul e de Pernambuco em 1993. Na maioria dos outros casos, foi preciso mais tempo até que a conectividade da rede se estendesse além da instituição que sediava o POP local.

O uso de redes trouxe profundos benefícios para a comunidade acadêmica, encurtando distâncias entre indivíduos espalhados por todo o território nacional, e integrando-os à comunidade internacional de pesquisa, de uma forma e numa escala antes impossível. Felizmente estes benefícios foram reconhecidos em tempo hábil, e tem havido amplo apoio para realizar os investimentos que foram necessários em tempos de austeridade econômica.

O texto é um resumo do artigo do diretor de Inovação da RNP, Michael Stanton, que pode ser encontrado na íntegra em:

http://www.rnp.br/newsgen/9806/inter-br.shtml