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O protocolo que dará mais mobilidade à internet


O Globo

Elis Monteiro

24.05.2004


O alerta já havia sido dado em julho de 2001: há três anos, o Internet Assigned Numbers Authority (Iana), instituição responsável pelo sistema geral de registro de domínios no mundo, emitiu um alerta no qual afirmava que poderia haver um “apagão” de endereços IP (Internet Protocol, número de registro que cada máquina tem e a identifica no universo virtual) no mundo. Três anos depois, outro alerta: de acordo com o Iana, os endereços IP podem chegar ao fim dentro de alguns anos. Para abalizar o alerta, o Iana realizou um estudo que indica que já foram consumidos cerca de 68% dos endereços disponíveis no mundo.

IPv6 expande o número de combinações numéricas

O protocolo IPv4, usado atualmente, tem um número limitado de endereços, distribuídos entre mais de 600 milhões de usuários mundiais, e uma capacidade de multiplicação restrita. Uma das saídas para esta “crise iminente” seria a adoção, em larga escala, de um novo protocolo de internet. Batizado de IPv6, o novo protocolo, espera-se, irá expandir exponencialmente o potencial da rede.

Isso porque a versão 6 do protocolo traz muitas vantagens. Entre elas, maior velocidade, mais segurança e um número maior de possibilidades de endereçamento. Além disso, o IPv6 é redondinho para a internet móvel, aquela que rodará em PDAs e telefones celulares. O protocolo tem a capacidade de aumentar o número de combinações numéricas — o endereçamento amplia de 32 para 128 bits — e a quantidade de IPs facilmente ultrapassará a casa do trilhão. Por essas e por outras, o IPv6 é considerado um substituto mais do que à altura para o IPv4. Isso significa que aparelhos como celulares, PDAs, notebooks e até geladeiras e microondas poderão receber, sem problemas, um endereço novinho em folha. Sem risco de blecaute digital.

O IPv6 não é novidade. Ele existe desde 1999 e tem sido testado à exaustão pelo meio acadêmico e pode substituir a versão anterior em países como os Estados Unidos. O Departamento de Defesa Americano anunciou a intenção de migrar de IPv4 para IPv6 até 2006. A China também pretende implementar o IPv6. É que o mercado chinês é grande demais e o IPv4 foi considerado incapaz de suportar as necessidades de internet móvel dos futuros usuários chineses. Assim, o país já começou um teste em larga escala de uma versão do IPv6 batizada de CNGI (China Next Generation Internet).

O governo chinês é o principal interessado na adoção do IPv6. O número de assinantes de serviços móveis de comunicação na China passou de 270 milhões. Segundo dados do Iana, se apenas 10% destes usassem redes para se comunicar, o IPv4 não suportaria. Desta forma, o IPv6 surgiu como alternativa.

RNP já está testando viabilidade do IPv6

Aqui no Brasil os testes estão sendo realizados pela Rede Nacional de Pesquisas (RNP) já há alguns anos. Mas é grande o número de fóruns e empresas interessadas na implementação do protocolo no país. Entre eles, a Brazil IPv6 Task Force, denominada BRv6T, e a empresa IPv6 Brasil, que vai levar a discussão sobre a viabilidade do IPv6 para a Comdex, feira de TI que acontecerá em São Paulo, em agosto.

— Os Estados Unidos vão gastar cerca de US$ 30 bilhões para adequar a sua rede para o IPv6 até 2005. Em 2008 toda a rede americana terá migrado para o novo protocolo. Europa e Ásia já produzem equipamentos, em escala comercial, preparados para o IPv6. Na Índia o movimento também é grande. Enquanto isso, no Brasil a gente ainda precisa convencer o mercado da importância da evolução, e não revolução, que é o IPv6 — diz Robson Oliveira, CTO da empresa IPv6 Brasil.

Durante o Comdex será realizado o fórum Global IPv6 Summit 2004 Brazil, com discussões sobre a importância e as vantagens do IPv6 e demonstrações de funcionamento do protocolo.

O trabalho de convencimento, no entanto, promete ser árduo. Criado na década de 70, o IPv4 é o protocolo de internet mais comum até hoje. Mas não está só.

Tudo muito bom, tudo muito bem? Nem tanto. A chegada do IPv6 já é responsável por boas discussões. Muitos especialistas ainda vêem com reservas a adoção do IPV6. Para eles, o novo protocolo está sendo imposto pela indústria e serviria apenas para nichos, como a internet móvel.

O Brasil está muito atrasado no que diz respeito à adoção do IPv6. No país, só quatro entidades de acesso à internet contrataram seus blocos de endereços, para fins de pesquisa e desenvolvimento, contra 296 da Europa, 133 da Ásia e 89 da América do Norte que já utilizam o novo protocolo.

Segundo Robson Oliveira, além de rapidez, maior disponibilidade, flexibilidade e velocidade de acessos, o protocolo já nasceu conhecendo as necessidades de mobilidade e segurança que não eram previstas quando da criação do IPv4.

— Quando os automóveis tiveram de trocar de placa pelo esgotamento de variações numéricas nós simplesmente trocamos. Claro que será necessário um momento de transição, de coexistência dos dois protocolos. No futuro tudo estará convergindo para a internet e precisaremos de mais endereços. A internet dobra de tamanho a cada ano — diz.

Para especialista no mundo IP, ainda é cedo para IPv6

Victor Moreno, vice-presidente da empresa Medidata, especializada em redes IP, diz que há dez anos especula-se a respeito do fim iminente dos endereços IP. Victor não acredita na previsão.

— No fundo, a necessidade maior hoje está ligada ao aumento da faixa de endereços e à mobilidade. Não há evidência visível de que o IPv4 irá exaurir seu pool de endereços.

fonte: http://oglobo.globo.com/jornal/suplementos/informaticaetc/142640181.asp

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