RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

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RNP na Mídia 
 

A RNP e a história da internet brasileira


Agência Eletrônica

01.03.2002


A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) é uma organização de interesse público cuja principal missão é operar uma rede acadêmica de alcance nacional. Ela interliga hoje todos os 27 estados brasileiros, através de um backbone de alto desempenho: o RNP2. Ao pé-da-letra, backbone significa espinha dorsal, ou seja, é a infra-estrutura que conecta todos os pontos de uma rede.

O projeto RNP foi oficialmente lançado em 1989 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e era financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), hoje Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O objetivo era implementar o primeiro backbone nacional, difundir a tecnologia internet e capacitar recursos humanos na área de redes. Termos acesso à rede mundial de computadores se deve a este projeto pioneiro no Brasil.

Atualmente, a RNP promove o desenvolvimento de novos protocolos, serviços e aplicações em redes de comunicação de alta capacidade, através do backbone RNP2 e implementa projetos de pesquisa tecnológica em redes. O RNP2 interliga mais de 300 instituições de ensino superior e de pesquisa no país e mantém conexões com redes acadêmicas no exterior. A RNP ainda capacita recursos humanos em áreas como segurança de redes, gerência, roteamento, redes de alta capacidade, novos protocolos e serviços, e administração de sistemas, principalmente para a operação dos pontos de presença do backbone.

A história mais difundida sobre a criação da primeira rede de computadores conta que a internet surgiu como estratégia militar para possibilitar a sobrevivência das redes de comunicação e a segurança das informações em caso de ataque nuclear. Michael Dertouzos, ex-diretor do laboratório de ciência da computação do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e um dos pioneiros da internet, revelou um lado mais prosaico da história: algumas das versões que circulam por aí insinuam que o gigantesco passo seguinte (a criação da Arpanet) foi dado pelos militares para reduzir a vulnerabilidade dos sites onde as informações se concentravam, embora seja apenas uma parte da história.

O sucesso dos computadores de tempo compartilhado provocou pressões financeiras cada vez maiores sobre a Advanced Research Projects Agency (Arpa), pois cada grupo de pesquisa financiado pela agência exigia mais computadores, mais caros e maiores. A Arpa procurou aumentar a eficiência dos investimentos estimulando os grupos a dividir máquinas distantes entre si. Ao mesmo tempo, os fatores técnicos apontavam para a possibilidade sensacional de conectar as máquinas.

O protótipo da Arpanet foi criado em 1969 e a primeira demonstração pública aconteceu em 1972. No princípio, a rede limitava-se a ligar algumas unidades militares e universidades. Em meados da década de 70, havia apenas 20 universidades conectadas à Arpanet. Com o tempo, várias outras redes foram surgindo e se unindo à iniciativa da agência de pesquisas do Departamento de Defesa norte-americano.

Em 1983, a Arpanet já era grande demais para atender os requisitos de eficiência e segurança dos militares. A saída foi abandonar o projeto e fundar uma rede privativa, a Milnet. Ainda nos anos 80, a National Science Foundation criou a Csnet (para a comunidade científica) e junto com a IBM, a Bitnet (para estudiosos de matérias não-científicas). A conjunção destas e de outras redes levou o nome de Arpa-Internet, mais tarde conhecida apenas como internet. Com a queda nos preços dos equipamentos, a internet acabou se esten-dendo aos lares, formando a grande teia de uso comum que conhecemos hoje. Em 1996, esta malha interligava 100 mil redes.

No Brasil, os primeiros embriões de rede surgiram em 1988, ligando universidades e centros de pesquisa do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre a instituições nos Estados Unidos. A RNP surgiu em 1989 para unir essas redes embrionárias e formar um backbone de alcance nacional. Um ano antes, o Instituto Brasileiro de Análises Econômicas e Sociais (Ibase) começou a testar o AlterNex, o primeiro serviço brasileiro de internet não-acadêmica e não-governamental.

Inicialmente restrito aos membros do Ibase e associados, o AlterNex foi aberto ao acesso público em junho de 1992. Em 1991, a RNP inaugurou o primeiro backbone brasileiro, destinado exclusivamente à comunidade acadêmica.

Em abril de 1995, o governo resolveu abri-lo, fornecendo conectividade a provedores de acesso comerciais. Este passo gerou um dilema entre os usuários e parceiros da RNP, como revela o estudioso Ernest Wilson, "muito cedo irromperam disputas no Brasil sobre o papel da RNP, se esta deveria permanecer uma rede estritamente acadêmica com acesso livre para acadêmicos e taxada para todos os outros consumidores".

O tempo tratou de resolver o dilema. O crescimento acelerado da internet comercial no Brasil fez com que a RNP pudesse retirar seu apoio e voltar novamente sua atenção para a comunidade científica. A partir de 1997, iniciou-se uma nova fase com o investimento em tecnologias de redes avançadas.

Redes do tipo 2: a fómula 1 das redes

A significativa afluência de pessoas para a grande rede no mundo inteiro e a necessidade de uma infra-estrutura mais segura e veloz para o uso de novas aplicações, como telemedicina e videoconferência, levou a comunidade acadêmica a investir em novas tecnologias. Em fins de 1996, um grupo de 34 universidades dos Estados Unidos criou o projeto Internet2. Redes acadêmicas de todas as partes do mundo passaram ou passam pelo mesmo processo.

O projeto RNP2 teve início em 1997. A carência de uma infra-estrutura de fibra óptica que cobrisse todo o território nacional fez com que se optasse, num primeiro momento, pela criação de redes locais de alta velocidade, aproveitando a estrutura e o potencial de algumas regiões metropolitanas. Ainda em 97, foi lançado o edital Projetos de Redes Metropolitanas de Alta Velocidade, com o apoio financeiro do Cnpq e do Comitê Gestor da Internet no Brasil.

Em 1999, os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia assinaram um convênio para implantação do backbone RNP2 que interligaria todo o país em uma rede de alta tecnologia. O acordo recebeu o nome de Programa Interministerial de Implantação e Manutenção da Rede Nacional para Ensino e Pesquisa. O novo backbone foi oficialmente lançado em maio de 2000 e hoje conecta os 27 estados brasileiros com uma capacidade máxima de tráfego de 155 Mbps. O RNP2 está conectado ao projeto Internet2, através de uma linha de 45 Mbps, usada prioritariamente para a realização de experiências. Outra conexão internacional, de 155 Mbps, é utilizada para tráfego internet de produção, como e-mail, web, ftp.

Este ano, o presidente da república transformou a RNP em uma organização social. Com isso, ela passa a ter maior autonomia administrativa para executar suas tarefas e o poder público ganha meios de controle mais eficazes para avaliar e cobrar os resultados traçados para a organização. Esses objetivos incluem o fornecimento de serviços de infra-estrutura de redes IP (Protocolo Internet) avançadas, a prospecção, implantação e avaliação de novas tecnologias de rede, a disseminação dessas tecnologias e a capacitação de recursos humanos, tanto para atender as necessidades decorrentes dos objetivos descritos como para difundir conhecimento.

A RNP se prepara para entrar nos próximos anos em um novo patamar de sua história com a implantação de pontos de presença capazes de operar em velocidade da ordem de gigabits por segundo.

fonte: http://www.agenciaeletronica.net/

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