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Intercâmbio de experiências marca o segundo dia do Vias da Cultura

RNP e instituições traçam estratégias rumo à democratização da cultura


O segundo dia do Seminário Vias da Cultura, realizado em 6 de maio, no Rio de Janeiro, foi dedicado à apresentação e troca de informações entre as dez instituições participantes do projeto piloto RNP/MinC quanto ao estágio em que se encontram no processo de digitalização e disponibilização de seus conteúdos culturais, as ferramentas utilizadas, a estrutura de TI disponível, além de questões como a preservação das obras e a necessidade da formulação de um modelo de gestão de acesso aos seus acervos.

A parceria RNP/MinC prevê a conexão, até o segundo semestre de 2009, dessas instituições à Rede Ipê (rede acadêmica nacional), por meio das Redes Comunitárias de Ensino e Pesquisa (Redecomep) do Rio de Janeiro e São Paulo, com capacidade de 1 Gbps.

Representando a RNP, Ney Fernandes de Castro, coordenador regional do Redecomep, iniciou o seminário abordando o modelo de gestão auto-sustentável adotado pelo projeto, em que a operação e a manutenção da rede ficam a cargo de consórcios formados pelas instituições usuárias. Ney sugeriu aos representantes que considerem os requisitos de TI a ser providenciados pelas instituições, e que iniciem a articulação com os membros dos consórcios. A atenção aos procedimentos administrativos para formalizar a qualificação como instituição usuária da rede Ipê foi ressaltada pelo gerente de Comunicação e Marketing da RNP, Marcus Vinicius Mannarino.

Participaram do seminário representantes do Museu da República, Fundação Nacional de Artes (FUNARTE), Fundação Biblioteca Nacional, Casa de Rui Barbosa, MinC (Secretaria-Executiva, Secretaria do Audiovisual, Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural, Secretaria de Programas e Projetos Culturais, representações do RJ e de SP), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Fundação Cultural Palmares, Centro-Técnico Audiovisual (CTAV), Cinemateca Brasileira e Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP/RJ).

Digitalização do acervo cultural

A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) é uma das instituições que já possui um grande número de obras digitalizadas. Através da criação do site Biblioteca Nacional Digital Brasil, inaugurado em 2007, a FBN oferece aos usuários um novo caminho para a aquisição e o conhecimento da cultura. A coordenadora Ângela Monteiro Bittencourt informou que a biblioteca digital dá acesso hoje à mais de 18 mil itens em alta resolução, entre eles 2 mil mapas do século XVI ao XVIII, 46 álbuns com mais de 2.500 fotografias, 8.200 documentos sonoros, 1.100 textos, 36 jornais raros, além de 120 volumes dos Anais da Biblioteca Nacional.

Os critérios para a digitalização das obras consideram a raridade, o tema e a procura (relevância) pelos usuários. O preparo, a captura e o tratamento técnico são realizados por equipamento próprio. A conexão disponibilizada para a digitalização é de 1Mbps, mas, segundo Ângela, o ideal seria o uso de uma plataforma livre.

A FBN participa, ainda, de três projetos voltados para a digitalização de acervos: o World Digital Library, que prevê a digitalização de documentos, cartas, fotos, mapas e a apresentação nas seis línguas oficiais da ONU (inglês, francês, espanhol, árabe, chinês e russo), e o português; o Portal França Brasil, que reúne obras de influência francesa no Brasil e será lançado em novembro deste ano e a Rede de Memória Virtual Brasileira, que reúne objetos digitalizados de diversas instituições.

O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), incorporado ao IPHAN em 2003, e com mais de 14 mil objetos museológicos, teve o seu projeto de digitalização iniciado em 1998. Hoje, o acervo disponibilizado é composto por mais de 60 mil recortes de periódicos – jornais e revistas, seis mil títulos de folhetos de cordel, mil xilogravuras originais e 41 fascículos contendo artigos, bibliografias, resenhas, bem como informações sobre cursos, exposições, festivais da área de folclore e cultura popular.

A Casa de Rui Barbosa (CRB) implantou o site da instituição com acervo digital há dois anos. São 137 volumes das obras completas de Rui Barbosa, além de obras da literatura de cordel. Ana Pessoa, diretora do Centro de Memória e Informação da CRB, levantou a questão do direito autoral, já que alguns autores das obras em cordel não permitiram a digitalização como uma tentativa de evitar o uso indevido das obras.

A Cinemateca Brasileira, representada pela diretora Patrícia de Filipi e pelo diretor-executivo Carlos Magalhães, digitalizou parte da memória do cinema brasileiro, compondo um acervo digital com posters originais, além de 125 horas de filmes silenciosos no período de 1950 a 1980. Os periódicos A Scena Muda e o Cine Arte estão disponíveis no site do Museu Lasar Segall, que foi parceiro da Cinemateca no processo.

Para Gustavo Dahl, gerente do Centro Técnico Audiovisual (CTAV) da Secretaria do Audiovisual do MinC, a RNP representa a possibilidade de superar uma fase de estagnação que ocorre no CTAV há 20 anos.

MinC: Comitê Gestor e Plataformas Digitais

O ministério organizou um Comitê de Gestão de Sistemas de TI para debater, analisar e definir formas de uso da rede pelas instituições, formado por representantes indicados tanto pelo MinC quanto pelas instituições culturais. Humberto Cardoso, coordenador-geral de Informática do MinC, informou que a tendência é migrar dos sistemas administrativos para interfaces que alcancem o usuário final. Está prevista a criação de uma consultoria e uma governança de TI, além da possível ampliação das reuniões do comitê para outros representantes das instituições.

Softwares voltados para plataformas digitais como o Br Games, o XPTA.LAB e o Banco de Conteúdos Audiovisuais foram apresentados por Rafael Gazzola de Lima, da Coordenação-geral de TV e Plataformas Digitais da Secretaria de Audiovisual (SAV) do MinC. Segundo Gazzola, os programas nasceram no processo de redefinição do escopo de atuação do SAV e têm como estratégia fomentar o desenvolvimento de produtos destinados a meios alternativos. Os softwares incluem a produção de jogos eletrônicos e a criação de novas formas de acesso da população ao conteúdo audiovisual brasileiro.

Novas propostas de cultura digital

Trabalhar a cultura digital no ambiente de trabalho é a proposta do Projeto Vidas Passadas, da Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural do MinC. O objetivo é criar uma rede entre trabalhadores formais e informais que possam discutir as relações entre trabalho e saúde a partir de atividades que envolvam o uso da fotografia, do vídeo e do computador. O projeto serve como exemplo de uso da cultura como instrumento de análise crítica a respeito dos modelos e ambientes de trabalho. Tem o apoio de centrais sindicais, universidades e outras redes. Participam da iniciativa mais de 600 trabalhadores divididos em 24 categorias de trabalho espalhados nas 26 federações do país e o Distrito Federal, cujo resultado é um conjunto de produções audiovisuais que estarão disponíveis em um site.

O programa Ação Cultura Digital do Programa Cultura Viva, da Secretaria de Programas e Projetos Culturais do MinC, também foi exposto no seminário. A ação foi elaborada em parceria com a sociedade civil, organizada em redes emergentes da Internet. A proposta visa incentivar o uso de tecnologias pelas comunidades para produções multimídia, com base nos Pontos de Cultura em todo o país. Hoje são mais de 200 Pontos de Cultura envolvidos, que tornam possível a formação de redes colaborativas de produção e fruição cultural.

A Fundação Nacional de Artes (FUNARTE) propôs a formação de um grupo de trabalho voltado ao estudo das interfaces e dos projetos web, entre eles o “portal das artes”, proposta de criação de um espaço único (site) de disponibilização de acervos culturais das diferentes instituições. Além deste grupo, foi acertada a formação de mais dois grupos de trabalho para trabalhar os temas de digitalização dos acervos e da estrutura e tecnologia de redes.

[RNP, 08.05.2009]

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