RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

english | español


 

 
Notícias RNP 
 

Cooperação científica pela rede da RNP

Projeto na Amazônia envolve pesquisadores de 15 países


As informações processadas nos diversos escritórios do projeto são encaminhadas até o PoP da RNP mais próximo e, a partir dele, segue pela rede até São Paulo

Mais de 1500 cientistas participantes, quase 500 estudantes, 15 países envolvidos, 118 projetos de pesquisas, 157 instituições parceiras nacionais e estrangeiras, seis ministérios brasileiros e um orçamento global de cerca de cem milhões de dólares.

Estes números explicam melhor do que qualquer palavra a grandiosidade de um dos maiores projetos de cooperação científica internacional que vem sendo realizado atualmente: o Experimento de Larga Escala na Biosfera-Atmosfera na Amazônia (Projeto LBA).

Liderado pelo Brasil, o projeto visa explicar como as mudanças nos usos da terra na Amazônia afetam o clima regional e global e como as mudanças climáticas globais influenciam o funcionamento biológico, químico e físico da floresta e sua sustentabilidade.

Coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), o LBA começou a ser implementado em 1996, a partir de reuniões entre cientistas nacionais e estrangeiros que vinham ocorrendo desde 1990, tendo em vista as preocupações a respeito das mudanças climáticas no mundo e a influência da Floresta Amazônica neste processo.

Para a comunidade científica mundial, as alterações dos ciclos naturais de água, energia, carbono e nutrientes na floresta, causadas pelos desmatamentos e bruscas mudanças nos usos da cobertura vegetal amazônica, podem provocar conseqüências climáticas e ambientais tanto em escala local e regional como global.

A proposta do LBA é promover um estudo multidisciplinar e interdisciplinar, capaz de integrar a física, a química e a biologia numa análise dos diversos ecossistemas da floresta e, com isso, compreender quais seriam as conseqüências ambientais que o planeta corre o risco de sofrer por causa das mudanças da atuação do homem sobre o meio ambiente.

Para atingir esta meta, o programa criou 118 subprojetos de pesquisa, sob diversas óticas científicas, agrupados por 7 temas. A cooperação Brasil - Estados Unidos abrange 81 destes projetos e envolve importantes instituições norte-americanas, como a NASA, que financia um terço do LBA. No Brasil, são diversas as organizações que apóiam de maneira direta ou indireta o projeto, dentre elas, a USP, o Museu Goeldi, a Embrapa, a Finep, o CNPq e a Fapesp.

Planejado para encerrar em 2007, o projeto LBA já possui 39 subprojetos finalizados e 62 em andamento – 17 aguardam autorização do governo brasileiro para começar. Os resultados dos trabalhos são discutidos e apresentados durante a Conferência Científica Internacional do LBA, realizada bianualmente. Este ano, o encontro ocorrerá em Brasília, no mês de julho, onde serão apresentados mais de 600 trabalhos.

O gerente de Implementação do LBA e coordenador do Escritório Central, Antonio Ocimar Manzi, chama a atenção para a vertente social do projeto:

— O LBA se preocupa com a influência das mudanças climáticas nas comunidades locais da Amazônia e desenvolve um trabalho voltado para as políticas públicas, que busca contribuir para o desenvolvimento sustentável da região. Além disso, o projeto visa, ao final de seu processo, deixar na região, pelo menos, cem mestres e doutores especializados na temática da interação biosfera-atmosfera, ampliando a área de atuação e melhorando as instituições de pesquisa locais — explica Manzi.

O caminho dos dados

Os dados coletados pelos diversos instrumentos de medição são processados nos escritórios do projeto e seguem até o PoP da RNP mais próximo

O trabalho de campo é realizado numa área estimada em cerca de 7.000.000 km², que abrange toda a bacia amazônica e uma parte do cerrado até Brasília.

Torres, balões, radares, aviões, satélites e uma diversidade de instrumentos de medição para a coleta dos dados estão instalados em toda a área, de forma a proporcionar um entendimento e controle dos fluxos de energia, água, carbono, nutrientes e gases-traço entre atmosfera, hidrosfera e biosfera na Amazônia.

Esse material gera diariamente uma ampla base de informações que é processada nos diversos escritórios do projeto e trafega pela Rede da RNP até o LBA-DIS (Data Information Sistem), localizado em outro escritório, no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), em São Paulo.

O material que chega ao Centro é consolidado, organizado e, posteriormente, enviado para os parceiros latinos, norte-americanos e europeus, que, de seus países, avaliam as informações, discutem idéias e hipóteses, num esforço internacional conjunto.

Segundo o coordenador geral do Sistema de Informações de Dados do LBA, Laurindo Campos, a quantidade de dados gerada em função do projeto é alta e consome muita banda, o que exige uma infra-estrutura computacional adequada.

Para o mês de fevereiro serão disponibilizados cerca de 70 gigabits de informações que incluem milhares de mapas temáticos feitos por satélite. De acordo com o gerente do Sistema de Informações de Dados do LBA, Luiz Horta, este é um bom exemplo do consumo de banda que o projeto demanda.

Para Laurindo Campos, sem a rede que a RNP disponibiliza, não há chances de um projeto desse porte ser viabilizado:

— O LBA apresenta respostas científicas para o Brasil e o mundo que requerem velocidade, atitudes governamentais imediatas. A ajuda da RNP acelera a tomada de decisões.

O gerenciamento do LBA é realizado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). A Comissão Superior do projeto integra, além do MCT, outros cinco ministérios: Meio Ambiente, da Defesa, Minas e Energia, Casa Civil e Relações Exteriores.

[RNP, 28.01.2004]

Consulta em noticias

 


Outras referências:

Projeto LBA

Site com mais informações sobre o LBA