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LACNIC constitui seu comitê técnico e prevê início de operações em março de 2000 sob coordenação de um brasileiro

Reunião em Buenos Aires, Argentina, antecedeu encontro da ARIN em Denver, Colorado, nos EUA


As funções de distribuição e registro de números IP e de números de AS (Autonomous Systems) para toda a região latino-americana e caribenha começarão a ser desempenhadas efetivamente, a partir de março de 2000, pelo Latin American and Caribbean Network Information Centre - LACNIC. Em encontro realizado nos últimos dias 15 e 16 de outubro, em Buenos Aires, Argentina, a direção da organização nomeou um Comitê Técnico que reuniu-se pela primeira vez e traçou o cronograma para início das atividades a partir do ano que vem. O Brasil, que participou do evento através de um representante do Comitê Gestor da Internet no Brasil, o coordenador de Operações da RNP, Alexandre Leib Grojsgold, vai dividir com o México a responsabilidade inicial pelo desempenho destas funções por serem esses os únicos países na região com histórico na administração desses serviços. Ainda não está definido se será criado um órgão especial que centralize o trabalho que estará sendo desempenhado provisoriamente no Brasil e no México.

O conceito que está por trás da estrutura técnica de comunicação da Internet baseia-se na exigência de que cada computador possua um número identificador na rede (número IP) e que esse número seja único. As rotas de comunicação da rede são construídas a partir do mapeamento dos números de cada máquina que está conectada. Conforme a rede foi crescendo, percebeu-se que os números atendiam bem às necessidades das máquinas para traçar as rotas dos pacotes de dados sendo transmitidos e recebidos, mas era cada vez mais difícil para os usuários memorizar estes números. Para isso foi criado o Domain Name System (DNS) que serve para registrar um nome de domínio (de mais fácil memorização para os usuários) que é associado ao número IP. Dessa forma, máquinas e seres humanos dispunham de sistemas amigáveis de identificação de equipamentos e servidores da Internet. Ambos os sistemas eram operacionalizados pelo extinto INTERNIC, nos EUA, por razões históricas - a Internet nasceu naquele país e o governo federal norte-americano foi seu principal fomentador através do investimento dos recursos financeiros necessários ao seu desenvolvimento.

Com o crescimento da Internet, o sistema de registro de nomes passou a ser exercido comercialmente pela empresa norte-americana Network Solutions sob contrato com o governo dos EUA e está, atualmente, em meio a uma fase de reestruturação. A Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), entidade sem fins lucrativos, foi criada para gerenciar os aspectos políticos e técnicos do registro de nomes de domínio em todo o mundo. Para atender os interesses de vários países, a diretoria e os comitês da ICANN são compostos por consultores de representatividade da maioria das regiões do planeta.

A atividade do LACNIC - Registro Regional de Números IP para América Latina e Caribe diz respeito ao sistema de registro dos números IP. Inicialmente desempenhado pela Internet Assigned Numbers Authority (IANA) sob financiamento do governo dos EUA e responsabilidade pessoal de Jonathan B. Postel, cujo falecimento em outubro de 1998 comoveu toda a comunidade da Internet, esse sistema também está passando por um processo de reorganização. O crescimento da Internet alcançou virtualmente todos os continentes e percebeu-se que o sistema de distribuição e registro de números IP e de números AS poderia ser descentralizado e orientado a grandes regiões geográficas. Assim nasceu o Réseaux IP Européens (RIPE) que cobre toda a Europa, Oriente Médio e norte da África; o Asia Pacific Network Information Centre (APNIC), que cobre a Ásia; e o American Registry for Internet Numbers (ARIN) que atende a todas as Américas e ao sul da África.

O LACNIC nasceu dentro de um movimento pela criação de mais duas organizações de registro. Uma para a América Latina e Caribe, em nosso caso, e outra para a África, que está em discussão. A formação do LACNIC é uma reivindicação de uma série de organizações da região e tem o apoio do ARIN que, atualmente, cobre todas as Américas. A reunião do LACNIC antecedeu um encontro da ARIN, nos dias 18 e 19 de outubro em Denver, Colorado, nos EUA, durante o qual foram divulgadas as decisões tomadas na Argentina.

O Comitê Técnico do LACNIC é composto por cinco representantes dos países da região, dois membros da direção e, para a coordenação, foi nomeado o brasileiro Alexandre Leib Grojsgold. México e Brasil são os únicos países que dispõem de blocos de endereço IP para distribuição aos seus Provedores de Serviço Internet (PSI). Nos outros países da América Latina e do Caribe, os PSI devem solicitar ao ARIN o registro de um número IP. Desde o final da década de 80 a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP administra a distribuição de um bloco de números IP equivalente a metade de um classe A, que corresponde a cerca de 32.000 classes C. Segundo dados do Comitê Gestor, o país ainda dispõe de folga nesse recurso.

[RNP, 08.11.1999]

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