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Memória e arte são debatidas no segundo dia do Fórum da Cultura Digital


“A Internet não tem nada a ver com computadores e sim com gente”. Esta frase, de autoria do coordenador de Tecnologia Social do Laboratório de Inclusão Digital e Educação Comunitária Weblab, Dalton Martins, resume o cerne das questões discutidas na Cinemateca Brasileira no segundo dia do Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital.

O primeiro debate desta quinta-feira, dia 19, foi o Seminário de Memória, que contou com a participação da coordenadora do projeto Rede da Memória Virtual Brasileira da Biblioteca Nacional, Angela Bettencourt; do professor da Escola Politécnica da USP, Edson Gomi; do diretor da ODF Alliance no Brasil, Jomar Silva; além do já citado Dalton Martins. O mediador foi o gerente de Cultura Digital do Ministério da Cultura, José Murilo Jr.

Uma das principais constatações desse primeiro grupo de palestrantes se refere à urgência em se discutir padrões abertos e seguros de armazenamento das informações. “A informação é perene, o meio não. O papiro em que a Bíblia foi escrita não está mais aí, mas as palavras estão. Por isso, é fundamental discutir o padrão para armazenamento das informações” – sintetizou Edson Gomi.

Outro aspecto relevante da discussão foi a preocupação em gerar interesse pelos acervos. De nada adianta disponibilizar obras raras e montar museus virtuais se as pessoas não se interessam em consumir esta produção cultural.

Com base nesse princípio, o professor Geder Ramalho defendeu o conceito de “gamificação do mundo”. Para ele, é preciso criar mecanismos, como os que existem nos jogos eletrônicos, que façam com que as pessoas se divirtam e sempre queiram voltar para viver experiências de arte em museus, galerias, espaços de cultura, etc.

Previsto para ser um Seminário de Arte, o segundo turno de discussões voltou a tratar do tema infraestrutura. Como ocorreu no primeiro dia do evento, foram apontados como pontos fundamentais para o avanço tecnológico brasileiro a dificuldade de acesso à eletricidade, ao dispositivo e à rede, além da quantidade insuficiente de tomadas em espaços públicos.

Mediada pelo curador de arte digital do Fórum da Cultura Digital Brasileira, Cicero Inácio da Silva, o segundo seminário do dia contou com os seguintes palestrantes: a artista digital e criadora do Canal Contemporâneo, Patrícia Canetti; a professora da PUC-SP e diretora artística do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, Giselle Beiguelman; o pesquisador da Universidade Aberta da Cataluña e do IN3, na Espanha, Pau Alsina; o sociólogo da Unicamp, Laymert Garcia dos Santos; e o poeta e produtor de mídia interativa, André Vallias.

A professora Giselle Beiguelman afirmou que, de acordo com dados recentes, menos de 40% dos domicílios brasileiros possuem energia elétrica. “Isso explica, em boa parte, a geopolítica de produção e consumo da cultura digital” – argumentou Giselle. Segundo Pau Alcina, “as dificuldades com relação à infraestrutura estão presentes em todo o mundo”.

A artista digital Patrícia Canetti imprimiu uma visão otimista ao debate, defendendo que “a arte digital está brigando valentemente por espaços, tentando fugir do simples rótulo de arte digitalizada”. De acordo com Patrícia, as pessoas ainda fazem muita confusão entre cultura digital e digitalizada.

Por fim, também foi apresentado ao público do evento o Programa Cultura e Pensamento, que lançou um edital para a realização de oito projetos de debates presenciais e de quatro projetos editoriais de periódicos impressos. Patrocinado pela Petrobras, o programa é coordenado pela Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura e conta com a parceria do Ministério da Educação e da RNP. As inscrições para o edital estão abertas até o dia 17 de janeiro de 2010.

[RNP, 20.11.2009]

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