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TV digital no Brasil: um caminho para a democratização da saúde

RNP participa de consórcio que vai planejar serviços, aplicações e conteúdo


A primeira imagem a aparecer na televisão brasileira foi a da criança Sônia Maria Dorce, de 5 anos, que, vestida de indiazinha, falou: “Está no ar a TV no Brasil”. Isso foi em 1950 no lançamento da pioneira TV Tupi, que mudou, definitivamente, o curso da história da mídia no país. Passado mais de meio século, o Brasil se depara com um momento parecido: a chegada da televisão digital, que promete trazer interatividade e transformar a relação do telespectador com a televisão.

A meta do governo é concretizar um modelo de referência do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) e, para isso, em janeiro do ano passado, foi formado um Comitê de Desenvolvimento do SBTVD, composto pelos ministérios das Comunicações (MC), Casa Civil, Ciência e Tecnologia (MCT), Cultura, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Educação, Fazenda, Planejamento, Relações Exteriores e pela Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República.

A partir de uma chamada pública MC/MCT/Finep e Funttel para o tema Serviços, Aplicações e Conteúdo do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, foram selecionados os melhores projetos. Para a realização mais eficiente da tarefa, cada projeto ficou responsável por uma área temática voltada para o desenvolvimento de softwares e modelos de serviços e conteúdos específicos.

Ao todo, são 70 instituições de ensino e pesquisa, universidades e empresas participantes, envolvendo mais de mil pesquisadores e um orçamento de R$ 30 milhões. O comitê de desenvolvimento do SBTVD será responsável pela coordenação geral de todos os projetos, com o apoio técnico-financeiro da Finep e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

Para a área de saúde, ganhou um consórcio formado pela Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal de Pernambuco, Instituto Edumed, Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, TV Cultura de Santa Catarina e coordenado pelo Instituto de Desenvolvimento e Educação e Universidade Federal de Santa Catarina.

O desafio deste consórcio será criar uma solução que possua ampla penetração em todos os níveis sociais, trazer o acesso aos serviços de saúde o mais perto possível da população, aumentando a sua disponibilização, e ainda lançar mão de um aparato que empregue uma tecnologia conhecida, de forma a estimular a sua utilização. A TV digital interativa também deverá atender aos profissionais da área, disponibilizando serviços que ofereçam conteúdo técnico-científico adequado para mantê-los atualizados.

— A TV digital permitirá, ao nosso ver, a implementação de um grande número de serviços inovadores na área de saúde, que aumentarão o grau de inclusão social, democratização da informação, melhoria de serviços de saúde, mecanismos de controle social, atendimento remoto, educação popular e profissional de saúde, dentre outros – diz o coordenador geral do consórcio, Aldo Von Wangenheim, otimista com a possibilidade da TV digital alcançar o potencial que a Internet ainda não foi capaz de atingir.

Um dos argumentos centrais do consórcio recai nesta questão levantada por Wangenheim. De acordo com o projeto, o surgimento de novas tecnologias baseadas em rede, voltadas para a transmissão e o acesso ao conhecimento em saúde, embora permitam a implantação de serviços sofisticados, sistemas baseados em banco de dados centralizados e distribuídos na área de saúde, estão restritos a menos de 10% da população brasileira que têm acesso à Internet.

A chegada da TV digital, penetrando nos lares brasileiros por meio da energia elétrica e da televisão, que já atingem uma parcela majoritária da população, parece capaz de reverter este quadro e levar muitos dos serviços disponíveis atualmente na Internet para todo este público.

O desafio será garantir o diálogo com o telespectador

Para o gerente de projetos do consórcio, Cleidson Cavalcante, o esforço empregado pelos centros de ensino e pesquisa para produzir um modelo de referência do SBTVD na área de saúde, será uma grande oportunidade de disseminar o conhecimento científico e tecnológico no plano nacional, com desdobramentos, inclusive, para além do objetivo televisão digital.

De acordo com Cavalcante, a proposta é conquistar o telespectador para que ele aproveite as informações de saúde que serão disponibilizadas pela nova TV.

— Não adianta colocar, de uma hora para outra, informações de saúde na tela que sejam diferentes da forma como o brasileiro está acostumado a assistir televisão. No Brasil, nos últimos 54 anos, toda uma linguagem foi construída por meio de um fluxo unidirecional de informações. O grande desafio da TV digital vai além de garantir novas tecnologias, será preciso garantir o diálogo com o telespectador – diz Cavalcante.

Toda a infra-estrutura de rede para comunicação e troca de dados ao longo do projeto de todas as instituições envolvidas no consórcio ficará sob a responsabilidade da RNP, que também irá fornecer uma rede distribuída de servidores de vídeos.

[RNP, 21.01.2005]

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