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Seminário RNP de Capacitação e Inovação terminou dia 3

IPv6, multicast, P&D e Projeto Giga foram tema de palestras

Na sexta-feira passada encerrou-se a décima edição do principal evento de capacitação da RNP, que hoje leva o nome de Seminário RNP de Capacitação e Inovação (SCI). Foram quatro cursos, sete palestras, duas mesas redondas e três sessões abertas para debates (BoFs), além da cerimônia de abertura. O seminário foi realizado em Recife, Pernambuco, nas dependências do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), de 29 de novembro a 3 de dezembro.

Foram 29 inscritos no curso "Tópicos especiais em segurança", 30 no curso "Uso do software Asterisk na implementação de um ambiente VoIP", 27 no curso "Administração e uso de diretórios corporativos com OpenLDAP" e 26 no curso "Construindo Redes Ethernet: conceitos, aplicações e tecnologias". As aulas ocorreram no período da manhã, de segunda a sexta-feira, com carga horária total de 25 horas. Os cursos foram ministrados por profissionais da RNP e especialistas convidados.

O SCI é organizado anualmente com o objetivo principal de treinar os técnicos dos pontos de presença (PoPs) da RNP. Desde 2003, o evento tem se estendido a profissionais das redes de instituições usuárias do backbone RNP2. Também desde o ano passado, a organização do seminário tem ficado a cargo da Escola Superior de Redes, uma nova unidade da RNP, voltada para o ensino profissional nos ramos das tecnologias da informação e da comunicação.

Quinta-feira diversificada

O dia 2 de dezembro, penúltimo do SCI, foi o mais diversificado de todos, com palestras e debates sobre IPv6, multicast, grupos de trabalho da RNP e sobre a arquitetura do projeto de rede óptica da RNP e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Projeto Giga.

A primeira palestra do dia – "IPv6: planos de endereçamento e protocolos de encaminhamento interno em rede alargada" – foi ministrada em dupla, com videoconferência entre Brasil e Portugal. Do auditório do Itep, em Recife, falou Carlos Friaças, membro da equipe técnica da portuguesa Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN). De uma sala em Lisboa, falou o diretor técnico da FCCN, João Nuno Ferreira. Foram apresentados os protocolos IS-IS e OSPFv3, e algumas variáveis que devem ser levadas em conta na elaboração de um plano de endereçamento IPv6.

Em seguida, Adenilson Raniery, integrante da equipe do Centro de Engenharia e Operações (CEO) da RNP, apresentou a arquitetura da rede do Projeto Giga e os serviços que estão sendo desenvolvidos dentro dela.

Criado em 2002, o Projeto Giga consiste na implementação e uso de uma rede óptica experimental voltada para o desenvolvimento de tecnologias de rede óptica, aplicações e serviços de telecomunicação associados a tecnologia IP e banda larga. A rede do projeto foi inaugurada em maio de 2004, com 735 Km de extensão e capacidade inicial de 1 Gbps, podendo chegar a 10 Gbps. Os recursos destinados ao projeto somam R$ 54,8 milhões.

Na palestra seguinte, Iara Machado, gerente de projetos da Diretoria de Inovação da RNP, fez um painel dos grupos de trabalho em atuação no período 2004-2005: Medições, Multicast Confiável, Middleware, Grade Pervasiva, Chaves Públicas (ICP-EDU II), Computação Colaborativa (P2P fase II) e VoIP Avançado.

Os grupos de trabalho contratados pela RNP desenvolvem pesquisas em novos serviços e aplicações com potencial de implantação na rede acadêmica RNP2. Os grupos têm um ano para demonstrarem seus resultados.

Por fim, a sessão "IPv6 e Multicasting" rendeu debates a respeito dessas novas tecnologias e sua implantação na rede RNP2. O gerente do CEO-RNP, José Arivaldo Frazão Júnior, afirmou que todo o backbone da RNP estará pronto para operar em IPv6 já no primeiro semestre de 2005. Adenilson Raniery informou que o CEO vai começar a estudar o uso de multicast em IPv6. Atualmente, o backbone RNP2 está apto a operar o modo de transmissão multicast em todos os pontos de presença da RNP, usando o protocolo IPv4.

A opinião geral dos técnicos presentes ao debate é que é preciso estimular o uso de IPv6, com implantação de túneis onde não for possível um enlace IPv6 nativo. Pedro Torres e Christian Lyra, analistas de redes do PoP-PR, contaram suas experiências com IPv6 no Paraná, inclusive com desenvolvimento de serviços específicos.

De olho no futuro

Falando-se em novas tecnologias, deve-se destacar o discurso do coordenador técnico do PoP-RS, Leandro Bertholdo. Ele lembrou que "as coisas podem demorar a acontecer, mas é preciso estar preparado para quando elas acontecem." Bertholdo queria dizer que é preciso estar de olho no futuro para que ele não nos atropele. "O Mbone começou em 1997 e nós imaginamos que em 2007 todo o mundo estará querendo usar multicast", exemplificou.

De um evento centrado em cursos fechados aos técnicos dos PoPs, o SCI tem se expandido, abrindo espaço a debates, incluindo novos atores e profissionalizando sua organização. Em 2003, o seminário foi realizado na Bahia, este ano, em Pernambuco. Não se sabe ainda onde será o próximo, mas o objetivo é sair dos núcleos da RNP, com a ajuda das instituições parceiras, em especial das que abrigam os PoPs. O Seminário RNP de Capacitação e Inovação está se diversificando, apontando tendências e, com isso, conseguindo alargar seus horizontes e os das pessoas que dele participam.

[RNP, 10.12.2004]