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P2P mais uma vez na berlinda

Alternativas para redes de campi


Platéia durante o 10 Seminário de Capacitação e Inovação

A exemplo do que ocorreu no Seminário de Capacitação Interna de 2003, o tema peer-to-peer (P2P ou computação colaborativa) mais uma vez provocou acalorados debates na edição deste ano, rebatizada de Seminário RNP de Capacitação e Inovação (SCI). O assunto foi discutido no BoF "Gerenciando o tráfego P2P", na terça-feira passada, 30 de novembro.

Os representantes do ponto de presença da RNP em Santa Catarina (PoP-SC), Edison Tadeu Lopes Melo (coordenador) e Guilherme Eliseu Rhoden apresentaram a experiência do PoP no controle do tráfego P2P. Eles explicaram que o uso de aplicações P2P em instituições de Santa Catarina estava gerando um grande consumo de banda, chegando a afetar o enlace internacional da RNP.

O objetivo dos técnicos do PoP-SC não era bloquear definitivamente o uso de aplicações P2P, mas restringi-las a um nível aceitável. Em alguns casos, as máquinas que mais sobrecarregam o enlace entre o PoP e o resto da rede da RNP com aplicações P2P têm sua banda limitada.

Leandro Márcio Bertholdo, coordenador técnico do PoP do Rio Grande do Sul, lembrou que o controle através de expedientes como bloqueio de portas mais usadas pelas aplicações P2P pode não ser eficaz, pois as pessoas sempre encontrarão um meio de burlar estas limitações. Na opinião de Bertholdo, o mais importante é conscientizar os usuários quanto aos riscos e prejuízos do uso indevido de aplicações P2P, para download/upload de músicas e filmes com direitos autorais reservados, por exemplo.

O coordenador da rede da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Roberto Quaresma, prefere apelar para medidas administrativas. Segundo ele, as pessoas que se beneficiam de um recurso público (a rede acadêmica) para benefício próprio ou uso ilícito (no caso da pirataria pela Internet) são passíveis de punição. Quaresma conta que, na UFBA, o usuário que é pego baixando arquivos de músicas, filmes ou outros com direitos autorais reservados é notificado, bem como seu superior imediato. O coordenador da rede baiana diz que esta solução tem resolvido o problema de uso de aplicações P2P na UFBA.

O papel da RNP

O debate revelou pessoas favoráveis ao controle do tráfego P2P e pessoas desfavoráveis. Na prática, o grande volume de dados trafegando na rede através de aplicações P2P não é apenas uma problema legal, de pirataria de conteúdo, mas também de capacidade de banda. Quanto maior o espaço consumido com este tipo de aplicação, maior a necessidade de ampliação de banda para garantir que todos possam usar a rede satisfatoriamente.

O gerente do Centro de Engenharia e Operações da RNP, José Arivaldo Frazão Júnior, disse, no BoF, que o controle deve ser feito nas instituições e não de forma centralizada na RNP. Isto tem uma razão prática: a RNP não tem como saber se um eventual pico de tráfego gerado por uma determinada máquina tem razões lícitas ou não. Um pesquisador pode, por exemplo, estar provocando um excesso de demanda de tráfego a fim de testar uma ferramenta.

No entanto, alguns participantes do BoF sugeriram que houvesse uma maior interação entre a RNP e os PoPs no sentido de discutir soluções, documentá-las e, mesmo, de definir políticas comuns. Frazão lembrou que existe uma lista de discussão dos técnicos dos PoPs que deve ser usada também com este objetivo.

Redes de campi

O palestrante Everaldo Rodrigues da Silva

No mesmo dia 30, a mesa redonda "(Re)construindo as redes dos campi universitários: redes sem fio, infra-estrutura de fibra proprietária e Metro Ethernet" procurou demonstrar algumas experiências em estruturação de redes de campus e provocar o debate sobre o tema.

Edson Moreira, da USPnet, falou sobre a experiência de implantação de uma rede sem fio no campus da USP. Ele contou que há 50.000 pontos de acesso wireless na USP e que esta sub-rede tem uma capacidade de troca de tráfego de 600 Mbps com a Internet. Segundo Moreira, o uso da rede sem fio pela comunidade ainda é pequeno, até porque são poucos os que possuem laptop com placa wireless no campus. O objetivo é que cada vez mais pessoas passem a integrar a rede sem fio da USP.

Luiz Claudio Mendonça, assessor de planejamento do CPD/UFBA e coordenador técnico do PoP-BA; e Everaldo Rodrigues da Silva, gerente da Divisão de Projetos e Serviços de Telecomunicações da Diretoria de Informatização da Empresa Municipal de Informática da Prefeitura do Recife (Emprel), defenderam o uso de fibras próprias para as redes dos campi e institutos de pesquisa.

Luiz Claudio explicou como foram instaladas as fibras que formam a rede da UFBA, integrando os vários campi da instituição. Ele disse que o principal problema de qualquer rede é garantir a qualidade fim-a-fim, isto é, assegurar que a rede chegue com a capacidade necessária ao laboratório do pesquisador e não apenas ao ponto de presença no CPD do campus. Everaldo contou a experiência da Emprel com uma rede metro ethernet na região metropolitana de Recife.

A defesa do uso de fibras próprias segue a linha advogada pelo diretor geral da RNP, Nelson Simões, que, na abertura do 10º Seminário RNP de Capacitação e Inovação, falou sobre a criação de redes comunitárias com infra-estrutura própria. Luiz Claudio acredita que os gastos com a implantação de uma rede com fibras ópticas próprias são recuperados em dois anos, no máximo.

Mais redes wireless

As redes sem fio não foram tema apenas da apresentação do representante da USPnet. A palestra que abriu a tarde do dia 30, "WiMAX: tecnologia e cases", também versou sobre o assunto. O objetivo era falar de detalhes do padrão WiMAX IEEE 802.16-2004, questões sobre a tecnologia e alguns casos de uso.

O palestrante, Hilmar Becker, é gerente da Aperto Networks para o Brasil. A Aperto é parceira da Intel e de outras empresas no desenvolvimento do WiMAX, que se pretende um padrão de tecnologia wireless capaz de cobrir grandes distâncias com alta largura de banda. Com o padrão 802.16, o WiMAX pode prover conectividade em uma área metropolitana a taxas de até 75 Mbps.

De acordo com Becker, o WiMAX pode funcionar com visada, com visada parcial e até sem visada, desde que a potência do sinal seja ajustada para cada caso. Visada é o termo usado para dizer se o trajeto entre uma antena e outra encontra obstáculos ou não. Quando não há visada, é porque não se pode ver, de uma antena transmissora, a outra, receptora.

As redes sem fio voltariam a ser tema de discussão no dia seguinte, com a palestra "Segurança em redes sem fio: um estudo de caso", proferida pelo pesquisador Ewerton Madruga, da PUC-Rio.



Glossário – BoF

* A sigla BoF provém da expressão idiomática de língua inglesa "birds of a feather (flock together)". Em português, costuma ser traduzido como "farinha do mesmo saco". No caso em questão, não tem o significado negativo da expressão de língua portuguesa, mas significa, outrossim, "pessoas com o mesmo interesse que, por este motivo, fazem algo juntas". Os BoFs em eventos como o SCI são sessões abertas para discussão livre sobre determinado tema, sem uma mediação clara.

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[RNP, 06.12.2004]

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